O Dia

Em meio à covid, andar bloqueado à disposição dos superiores

Hospital da Marinha tem focos de aglomeraçã­o em eventos como passagem de comando

- BEATRIZ PEREZ beatriz.perez@odia.com.br

Enquanto a cidade do Rio apresenta taxa de ocupação de leitos para covid-19 de 87% com 14 pessoas na fila ontem para conseguir vaga, oficiais generais e oficiais superiores da ativa e da reserva, além de dependente­s, contam com o 12º andar do Hospital Naval Marcílio Dias bloqueado à disposição, no Lins do Vasconcelo­s, Zona Norte. Os militares de alta patente desfrutam de tratamento de luxo, com equipe de profission­ais de Saúde e cardápio especial no atendiment­o.

A denúncia foi feita a ODIA por funcionári­os da unidade e confirmada com três fontes independen­tes.

“Muitas vezes mobiliza-se todo o pessoal para atender a autoridade, que vai ao hospital apenas para exames de rotina, revisões ou consultas básicas. Isso causa desfalque em outros setores e submete os profission­ais a cargas horárias excessivas, que infringem os regulament­os referentes ao serviço, para não deixar o ‘paciente vip’ sem suas regalias”, conta um profission­al, que teve sua identidade preservada.

Este setor do hospital, no 12º andar, fica fechado e só é reaberto quando algum oficial

“É tradição da Marinha. Nem oficiais gozam do prestígio, só oficiais generais”

precisa de atendiment­o. Os leitos não são disponibil­izados para pacientes que não sejam de alta patente.

Outro profission­al da unidade afirmou que a prática é de longa data. “É uma tradição da Marinha. Nem os oficiais gozam desse prestígio, só oficiais generais. Sempre foi e sempre será assim. Neste andar a alimentaçã­o é diferente, com salmão, filé mignon”, conta.

Além da denúncia de regalia, o hospital também apresenta focos de aglomeraçõ­es ao promover eventos como passagens de comando em suas dependênci­as. As cerimônias acontecem no 14º andar do hospital, com comes e bebes requintado­s, mesmo durante a pandemia. O distanciam­ento social também é desrespeit­ado no momento das refeições, no rancho do hospital, e na entrada da unidade todos os dias, depois que um controle mais rigoroso para entrar no hospital fez com que as filas ficassem frequentes no início do dia.

O DIA entrou em contato com o Ministério Público Militar, com a Marinha e com o Hospital Naval Marcílio Dias, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.

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ARQUIVO PESSOAL/ AGÊNCIA O DIA Em denúncia que chegou a O DIA, Hospital Naval Marcílio Dias registra aglomeraçõ­es no rancho

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