O Dia

Vacina para todos, solidaried­ade global

- Dr. Luizinho dep fed (PP-RJ) pres Com Ext Coronavíru­s

Errou quem apostou que a humanidade ficaria mais solidária ao enfrentar a pandemia de covid-19, que até o momento em que são escritas essas linhas, já matou mais de 3,3 milhões de pessoas no planeta. Faltam vacinas no mundo, mas, segundo a OMS, 87% dos vacinados até agora são cidadãos dos países mais ricos, que respondem por apenas 11% da população mundial. Nos mais pobres, apenas 0,2% já foi imunizada.

Embora estejamos cobertos de razão ao reclamar do ritmo lento da vacinação no Brasil, que está à mercê da entrega incerta de insumos da Índia e da China, o fato é que, num ranking de 153 países, estamos em quatro lugar em números absolutos de vacinados e 58ª em doses aplicadas por 100 habitantes. Entre as nações que compõe o G20, grupo que reúne os maiores PIBs do mundo, ocupamos a nona posição.

O Brasil tem hoje uma média de 25 doses aplicadas a cada 100 habitantes, contra 77,19 do Reino Unido e 76,95 dos Estados Unidos, líderes nessa corrida. Obviamente, poderíamos estar numa situação bem mais confortáve­l se tantos erros de planejamen­to não tivessem sido cometidos, mas o fato é que não consigo deixar de pensar nos países que estão em situação muito pior.

O Consórcio Covax/Facility, iniciativa liderada pela OMS, ONU e Aliança Global de Vacinas previa levar dois bilhões de doses em 2021 às nações mais pobres. Até o momento, só conseguiu cumprir com 38 milhões desde a primeira entrega feita em Gana, na Áfritos ca, em 21 de fevereiro. Os laboratóri­os envolvidos não estão dando conta de todos os contratos firmados no planeta e a Covax está ficando para trás.

O Brasil, através da Fiocruz, tem tido historicam­ente papel importante na ajuda a nações mais pobres para superarem doenças. Os projetos de cooperação do Brasil no combate ao HIV na África, com fornecimen­to de tecnologia produção de medicament­os anti-retrovirai­s, é exemplo para o mundo.

Tão logo tenhamos pelo menos 70% dos brasileiro­s imunizados e a Fiocruz estiver finalmente produzindo aqui a vacina, conforme previsto no acordo firmado com a Universida­de de Oxford/Laboratóri­o AtraZeneca, temos a obrigação de estender as mãos para aqueles que mais precisam. Precisamos ser solidários para que a humanidade não saia dessa pandemia pior do que entrou.

“O Brasil tem hoje média de 25 doses aplicadas a cada 100 habitantes, contra 77,19 do Reino Unido e 76,95 dos EUA”

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