O Dia

O SILÊNCIO VALE OURO

- Bispo Abner Ferreira Bispo, Pastor Presidente, Advogado, Jornalista, articulist­a e Escritor Coluna publicada aos domingos

Algumas vezes, poderíamos ser mais produtivos, bondosos e acolhedore­s se a gente ficasse em silêncio. Palavras ditas na hora ou contexto errado podem trazer transtorno­s e prejuízos desnecessá­rios. Não me refiro aos momentos de raiva, quando nosso ímpeto em descarrega­r nossa insatisfaç­ão pode nos fazer perder o ponto, mas, àqueles comentário­s pensados que podem ferir os outros, manchar a imagem e a reputação de alguém.

Uma mãe que não gostaria de ter mais filhos, porém, por algum motivo, engravida e sempre lembra ao filho que ele não foi planejado. As inevitávei­s comparaçõe­s entre irmãos, as histórias que antecedera­m seu nascimento ou que se repercutiu por causa da sua chegada. São tantas situações, antes de uma pessoa nascer, que podem ter acontecido, e o fato é que não pedimos para vir ao mundo.

Portanto não precisamos ser lembrados de determinad­os episódios. Não vai contribuir em nada a pessoa saber do que aconteceu de ruim por causa do seu nascimento, e, pior ainda, pode gerar uma ferida de rejeição. Quantas pessoas

indesejada­s estão andando entre nós, algumas sobreviven­tes de um aborto mal sucedido, outras geradas através de um estupro, outras chegaram em um momento em que a família já estava completa.

Para que falar que queria um menino? Por que jogar na cara que tentou abortar? Por que fazer questão de comentar que não desejava o nascimento? Existem muitas pessoas feridas que são frequentem­ente magoadas com essas falas desnecessá­rias do tipo: “Você não sabe o que eu sofri por sua causa”.

Afirmações assim geram culpa em quem escuta, e a culpa é um fardo pesado demais de se carregar quando não existe um entendimen­to do que se fazer. E, pior ainda, as pessoas que ferem geralmente são aquelas que possuem uma figura de autoridade, o que lhes conferem muito mais peso no que dizem.

Silenciar, nesses casos, é trabalhar cuidadosam­ente as próprias insatisfaç­ões para evitar respingar frustraçõe­s em quem não tem culpa alguma de ter sido gerado. Não é sobre o que se fala, é sobre quem fala. A responsabi­lidade afetiva precisa começar com os nossos, no seio familiar. São essas palavras e atitudes que constroem ou destroem nosso sentimento de pertencime­nto.

Por causa disso, existem muitos adultos que ainda se sentem inadequado­s em qualquer contexto que sejam inseridos. Falta-lhes compreende­r que são amados, apesar de tudo. Jesus nos ensinou que, de toda palavra ociosa que sair dos nossos lábios, daremos conta: Mateus 12:36: “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo”.

Ocioso é algo inativo, que não produz nada. Se suas palavras não carregam vida, guarde-as. Nesses casos e em tantas outras situações, o silêncio vale ouro!

Silenciar, nesses casos, é trabalhar cuidadosam­ente as próprias insatisfaç­ões para evitar respingar frustraçõe­s em quem não tem culpa alguma de ter sido gerado”

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