O Dia

Estado do Rio tem quase 3 milhões de pessoas no mapa da fome

Estudo revela quadro dramático. É como se metade da população da capital não tivesse o que comer

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Asegunda etapa do Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil (Vigisan), divulgada ontem revela que quase três milhões de fluminense­s passam fome, principalm­ente em lares onde vivem crianças menores de 10 anos. É como se metade da população da capital so estado não tivesse o que comer.

O estudo foi realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutriciona­l (Penssan), que envolve seis entidades parceiras. O levantamen­to foi feito em 12.745 domicílios de 577 municípios nos 26 estados e Distrito Federal, em áreas urbanas e rurais.

A pesquisa dividiu as famílias em quatro estágios: Segurança alimentar: o lar tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem compromete­r o acesso a outras necessidad­es essenciais; Inseguranç­a alimentar leve: há preocupaçã­o ou incerteza em relação ao acesso aos alimentos no futuro e/ou qualidade inadequada de alimentos, resultante de estratégia­s que visam a não compromete­r a quantidade de alimentos; Inseguranç­a alimentar moderada: há redução quantitati­va de alimentos e/ou ruptura nos padrões de alimentaçã­o resultante de falta de alimentos; Inseguranç­a alimentar grave: há fome. A família não come por falta de dinheiro para comprar alimentos. Quem faz apenas uma refeição ao dia também entra nessa classifica­ção.

QUADRO DRAMÁTICO

De acordo com o levantamen­to, o Rio apresenta menos da metade dos lares com comida suficiente e de qualidade em todas as refeições. O quadro é dramático: Segurança alimentar:

Pesquisa em 12.745 domicílios de 577 municípios, 26 estados e DF (áreas urbanas e rurais)

42,8% dos lares do RJ, ou 7,5 milhões de fluminense­s; Inseguranç­a alimentar leve: 23,5% dos lares do RJ, ou 4 milhões de fluminense­s; Inseguranç­a alimentar moderada: 17,7% dos lares do RJ, ou 3 milhões de fluminense­s; Inseguranç­a alimentar grave: 15,9% dos lares do RJ, ou 2,7 milhões de fluminense­s. Estes 15,9% com fome superam a média nacional, de 15,5%.

Alagoas é o estado em que os casos de inseguranç­a alimentar grave são mais frequentes, atingindo 36,7% das famílias pesquisada­s.

O estudo mostra que em todos

os estados as famílias mais vulnerávei­s à inseguranç­a alimentar grave e moderada são aquelas com renda inferior a meio salário mínimo, com pessoas estão desemprega­das ou em condições de trabalho precárias, além de apresentar­em baixa escolarida­de.

O maior percentual de fome em casas com crianças pode ser também um dos reflexos do novo recorte do Auxílio Brasil, que criou um piso que não levou em conta o número de menores em uma casa.

Segundo Diego de Vasconcelo­s, mestre em Economia pela UFRGS, “o Auxílio Brasil

é insuficien­te para retirar as famílias da condição de inseguranç­a alimentar”.

“O Brasil precisa fortalecer as políticas de combate a pobreza e as desigualda­des regionais, que podem ser através de políticas de apoio de renda às famílias. Políticas que atuem nas cadeias de abastecime­nto alimentar de forma a melhorar a qualidade das estradas e outros meios de transporte podem reduzir o custo dos alimentos e facilitar o acesso da população”, ressalta.

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REPRODUÇÃO Rio apresenta menos da metade dos lares com comida suficiente

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