Destaque em ‘Pantanal’, Isabel Teixeira fala sobre o sucesso de sua personagem, Maria Bruaca, além da sua relação com os filhos e a vaidade feminina
Isabel Teixeira, de 48 anos, tem deixado o público de queixo caído com seu talento. Apesar de todos os elogios, a intérprete de Maria Bruaca, de “Pantanal”, da TV Globo, não se deslumbra. Pelo contrário. A atriz ressalta o gosto pelas coisas simples, se define como uma pessoa trabalhadora, fala sobre a sede de viver, a importância da liberdade, relembra os ensinamentos da mãe, faz reflexões e ainda analisa a trajetória de sua personagem na novela.
Neste momento da trama, Bruaca se reconhece como cidadã e passa a entender seus direitos após o fim do casamento com Tenório (Murilo Benício).
“Essa ida da personagem para casa do José Leôncio [Marcos Palmeira], como um todo, é um momento que ela se entende como pessoa inserida na sociedade. A Filó [Dira Paes] traz para ela a sororidade, a conversa, o acolhimento feminino e o Zé traz a informação de fora, uma advogada que vai explicar o que é a legislação e vai defendê-la de coisas que não são normais. O abuso patrimonial, moral.”
“Quantas mulheres ainda hoje não ficam trabalhando em casa pro marido ir trabalhar? Ou fazem turnos triplos cuidando de criança, trabalhando fora e cuidando da casa? E em uma eventual separação o marido pode falar ‘olha tudo o que nós construímos, fui eu quem construí, eu que tenho o dinheiro, você não’. Isso é uma violência. Estamos vivendo isso na novela.” Apesar de todas as adversidades, Maria Bruaca encanta o público com sua vontade de viver. Esse é um ponto em comum entre a personagem e Isabel. “Tenho muitas coisas em comum com ela. De cara me aparece esse deslumbre com a vida que ela tem. Me vem à mente aquela cena dela no barquinho vendo o Pantanal, sentindo o ventinho no rosto, gostando de estar viva. Me vejo tanto assim. Ela está ali com seu corpo, se descobrindo com o Alcides [Juliano Cazarré], com o Levi [Leandro Lima] primeiro. Ela não tem vergonha, gosta do que é gostoso. É um contato da personagem com a criança dela.”
DESEJO
E por falar em sexualidade, esse é um dos temas abordados pela personagem. O fogo e o desejo feminino. Isabel confessa que nem sempre foi bem resolvida nesse aspecto. “Foi um trabalho de uma vida. Minha adolescência foi cheia de traumas. Na década de 1990, tinha isso muito forte de ‘você ter que ser assim pra agradar a ele’. Sofri com isso. Sempre fui uma mulher grande, isso fazia eu me sentir mal, excluída, me escondi muito durante um tempo. E fui me libertando e ainda estou nesse aprendizado. Agora está ficando muito gostoso estar comigo mesma, com meu corpo. Está muito bem, cada vez melhor.”
Após passar poucas e boas
na novela, será que os dias de paz chegam para Maria Bruaca em algum momento?
“Sim, quando acabar a novela”, afirma Isabel, aos risos. “A novela é é conflito. No outro dia pensei em uma coisa tão bonita: cobra quando troca de pele, ela precisa de fricção no solo pra pele ir saindo. A Maria Bruaca precisou de fricção, conflito, não a paz. A gente cresce assim. É humano.”
TRAIÇÃO
Se no folhetim Bruaca viveu um casamento tóxico, na vida real, a história é bem diferente. “Nunca vivi um relacionamento como o da Maria e do Tenório. Minha formação como pessoa vem de uma mulher, que é minha mãe [Alexandra
Corrêa]. Uma mulher muito livre, que viveu uma época de muito sonho, liberdade, que me criou com muita força e coragem. Acho que eu fui avisada, educada por ela sobre possíveis relacionamentos tóxicos.”
“Minha mãe me falou uma coisa linda: você sempre tem que se perguntar ‘isso é bom pra mim?’. Às vezes a gente precisa fazer coisas que não são boas pra gente, mas aí a gente repara e caminha pra uma mudança, transformação. Ela também me ensinou: ‘Onde quer que você esteja, sempre tem uma porta de saída’. Quando você entra num relacionamento, numa festa, num restaurante, observa que tem sempre uma porta de saída. E você pode sair, se quiser.”
Ao ser questionada se perdoaria uma traição, a atriz é sincera: “Acho que perdoaria, sim. Não posso fechar essa pergunta com sim ou não. Porque depende do diálogo que tenho com a pessoa, o acordo que temos. O que