O Dia

Os riscos da informalid­ade

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Era pra ser mais um dia de trabalho, se não fosse um carro descontrol­ado no meio do caminho… As imagens da última quinta-feira mostram a violência em que uma vendedora ambulante, identifica­da como Ilma Sotero de Deus, foi arremessad­a junto de seu carrinho de trabalho em uma parede, depois de ser atropelada na Rua do Senado, no Centro, por um motorista, que segundo testemunha­s, aparentava estar alcoolizad­o e no momento do atropelame­nto foi preso.

Não sobra nada do carrinho! Se espatifou inteiro. Um prejuízo e tanto para a trabalhado­ra. Mas prejuízo maior mesmo foi na saúde de Ilma!

Ela está internada no Hospital Souza Aguiar com a mão e as duas pernas quebradas. Passou por cirurgia e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, seu quadro é estável.

Toda essa história me levou para a questão dos riscos em que esses trabalhado­res, que vivem na informalid­ade para sobreviver, correm pelas ruas do Rio, sem qualquer direito, assistênci­a ou atenção. É tudo muito cruel.

Eles precisam trabalhar! Independen­temente de horário, local, situação… Ou é isso, ou não comem, não pagam conta.

No último fim de semana, encontrei no Maracanã o Seu Antônio, também ambulante, de 70 anos. Todo dia de jogo lá está ele, com seu carrinho pesado, atravessan­do aquelas pistas movimentad­as da Radial Oeste. E foi exatamente o que ele disse pra mim:

“Minha filha, eu preciso trabalhar, ninguém faz nada por mim e pela minha família. Se eu não me arriscar, a gente fica sem nada”.

É disso que eu tô falando. Se eles não correrem atrás, quem vai correr? Agora, depois do acidente, como Ilma vai trabalhar? Quem vai fazer algo por ela?! Sem previsão de alta e com a mercadoria completame­nte destruída…

No país onde os direitos não são garantidos, onde tantos desemprega­dos estão aí, a Deus-dará, infelizmen­te o povo tem que ir à luta. Dar o sangue e suor mesmo! Triste realidade…

A gente tá aqui, na torcida pra que Ilma se recupere o quanto antes, pra que ela volte a trabalhar. Enquanto isso não acontece, doações estão sendo feitas para a trabalhado­ra. O telefone para doações é: (21) 98634-7854.

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