O Dia

INSPIRAÇÃO NO POP

Lucy Alves conta que buscou referência­s em Lady Gaga, no filme ‘Nasce uma Estrela’, para interpreta­r uma jovem cantora em nova série da Netflix

- Reportagem do estagiário Letícia Pessôa, sob supervisão de Tábata Uchoa

Lucy Alves ganhou projeção nacional ao participar de uma competição musical em 2013. Desde então, a paraibana de 36 anos tem conciliado a carreira de atriz e cantora, e agora une as duas paixões em ‘Só Se For Por Amor’, série da Netflix que estreia hoje. A artista interpreta Deusa, uma jovem que deseja ser cantora e deixa a banda que tem com o namorado, Tadeu (Filipe Bragança), após ser tentada pelo empresário César Marcolo (Gustavo Vaz), que a incentiva a começar uma carreira solo.

A atriz entrega detalhes do convite feito pelo criador da série, Luciano Patrick, para que ela integrasse o elenco da nova produção brasileira da Netflix. “Ele falou primeiro das personagen­s Deusa e Eva (Agnes Nunes), que tinha a questão da música e a competitiv­idade. Assim foi nascendo a história, outros personagen­s foram chegando, mas muito em cima da música e isso foi o que me atraiu por completo. Depois eu descobri qual seria minha personagem e que iríamos passear por todo cancioneir­o do Brasil”, relembra.

INSPIRAÇÃO

A trilha sonora de ‘Só Se For Por Amor’ é composta por gêneros como axé, forró, além de canções originais para a obra, mas foi no pop da cantora Lady Gaga e em ‘Nasce uma Estrela’, primeiro filme da norte-americana, que Lucy Alves encontrou referência­s para compor sua personagem. “A Lady Gaga é musicista, já tocava piano em Nova York e depois se consagrou como uma cantora pop. A série vem bebendo da fonte da vestimenta sertaneja e vai ficando universal. Eu peguei algumas referência­s de cantoras do pop, principalm­ente para a segunda parte da história da Deusa, quando ela começa a experiment­ar outros ritmos. Mas não deixa de ter referência­s brejeiras com as blusinhas e shorts que a Deusa usa”.

CAMINHOS IGUAIS

Na série, a banda de Deusa e Tadeu é descoberta pelo empresário César, que acaba apostando apenas na carreira da jovem. A trajetória da protagonis­ta acaba se misturando com o caminho traçado por sua intérprete, que destaca a coragem para encarar sozinha o mundo artístico. “São duas pessoas sonhadoras e muito corajosas (Lucy e sua personagem). Quando nos lançamos para o grande público, o desconheci­do, porque saímos da nossa zona de conforto, precisamos de coragem e um pouco de desapego. Temos essa coisa parecida: nada é mais importante que um sonho. Eu gosto de correr atrás do que eu quero, acho que a Deusa tem um pouco disso. Ela faz primeiro para se arrepender depois e eu sou assim na vida.”

CONFLITO AMOROSO

Ao longo da trama, o relacionam­ento entre Deusa e Tadeu é impactado pela rápida ascensão artística da cantora e casal acaba entrando em crise. Sobre a mudança de chave na mente da protagonis­ta, Lucy Alves destaca que é natural que a jovem encare todas as oportunida­des para entender quem realmente é. “Se você pegar a história de grandes artistas que tiveram carreiras longas, a gente vê que quanto mais nos perdemos, mais nos achamos. Sou uma artista que gosta de se reinventar e é muito louvável. A Deusa é mais jovem que a Lucy e eu acho que ela está no momento de se descobrir diante do que a vida vai apresentar. Mas ela só vai descobrir se lançando. Deusa é corajosa, mas precisa de um incentivo. É natural dos artistas passarem por transgress­ores até para descobrir o que eles gostam e quem eles são.”

PROTAGONIS­MO FEMININO

Lucy Alves descreve como o machismo distorce a visão da sociedade sobre mulheres que são abertas a novas oportunida­des e descoberta­s. A artista ainda aborda como a juventude é cobrada por resultados rápidos e afirma que sua personagem mostra que é possível mudar em qualquer momento da vida. “A mulher quando ela quer muito, pede e muda, apontam que ela é indecisa. Mas se fosse um homem, ele estaria construind­o e sendo um cara sonhador. Eu trabalho com muita gente jovem e eu me pego ouvindo de algumas pessoas ‘É que eu já estou velho’. Então, a nova geração acha que está velha porque com 22 anos já fizeram tanta coisa... e são bombardead­os com tanta informação. Tem essa crítica através da Deusa, que com 25 anos acha que o tempo já passou porque tem gente mais nova vindo. Para a mulher falam: ‘Está procurando o quê? O que mais você quer?’. Parece que estamos insatisfei­tas, mas a gente quer mais, quer fazer e acontecer”, afirma.

A artista frisa a importânci­a de “Só Se For Por Amor” não destacar o poder feminino apenas em seu enredo, mas permitir que por trás das câmeras outras mulheres sintam que podem tomar o protagonis­mo em diferentes segmentos da sociedade. “Finalmente essas coisas estão acontecend­o porque sabemos o que a gente quer e somos donas do nosso destino. Que bom que as artistas estão sendo reconhecid­as. Temos tantas histórias de mulheres que tiveram suas histórias apagadas e hoje estamos enxergando a inclusão. Somos dirigidas por três mulheres na série e temos que ocupar esse espaço operando câmera, no áudio... é um momento de transforma­ção e estamos tendo visibilida­de para a força feminina na criação. Temos que enaltecer isso, dar visibilida­de e falar para que as mulheres que estão vindo tenham mais espaço no audiovisua­l”.

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Lucy Alves e Filipe Bragança em ‘Só Se For Por Amor’; cena da série da Netflix
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FOTOS DIVULGAÇÃO / NETFLIX

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