O Dia

Tentaram garfar os caraminguá­s no tal Pix

- Luarlindo Ernesto Coluna publicada aos sábados

Atentativa de golpe do Pix na minha conta bancária, através de mensagem, me obrigou a sair da caverna. O meu bunker é seguro, mas as redes sociais, não. Será que o editor vai deixar eu mostrar o número do telefone que mandaram eu confirmar o tal Pix? Vou tentar: 0800330005­7.

Não tenho essa grana toda. Sou um “barnabé” do jornalismo. Mal consigo segurar os caraminguá­s para pagar contas. Os malandros sabem tudo dos correntist­as, endereços, CPF, saldo, tipo sanguíneo, número do calçado, taxa da glicose etc e etc. Sabem mais que a patroa.

Mas, fui mostrar ao meu gerente a tal mensagem. Encarei as ruas frias, com as pessoas se esbarrando com guarda-chuvas, cheguei ao Méier. Com toda a chuva, encontrei um congestion­amento de gente. Bandeiras com imagens de candidatos agitadas nos rostos dos pedestres, entregas e distribuiç­ão de santinhos das figuras que disputam um lugar em Brasília e na Assembleia do Rio, cartazes de “empresas” que compram ouro, carrocinha­s com quentinhas (marmitas, com preços variando de R$ 10 a R $15), ambulantes oferecendo luvas, cachecóis, echarpes, gorros, sombrinhas e, enfim, a fila nos arredores na porta da agência bancária. Faltou falar dos flanelinha­s...

Ufa, que sacrifício. O celular não para de avisar que tem gente mandando recados. Ih, oferecem empréstimo­s. Escolado em furtos, roubos e ventanista­s (ladrões que passam correndo e furtam o que está à mão), parei ao lado de três policiais fardados: “Bom dia, senhores. Vou parar ao lado de vocês porque preciso usar o celular. Ok? Fui bem recebido. Acho que a cabeleira branca ajudou.

Os velhos são alvos fáceis dos ladrões. Já nem uso relógio de pulso. Prefiro o de algibeira, escondido, presente de aniversári­o em um agosto que já vai longe. Eu ainda tinha cabelos pretos. Aliás, tem gente que não acredita que já tive cabelos escuros.

Vou confessar um segredinho: minha aliança de ouro foi roubada em Copacabana. Entreguei diante de um argumento constrange­dor, a faca na mão de um menininho de uns 13 anos de idade, assessorad­o por mais três outros meninos. A atual, é de aço, fácil de tirar do dedo.

Bolas, deixa eu voltar a minha ida ao banco. A intenção era alertar o gerente do tal golpe do Pix: “Que tal o banco fazer um alerta sobre esse golpe?”. Caramba, a fisionomia do rapaz que me atendia nem mudou.

Parece que não é novidade. Bolas, peguei meu boné, agradeci o atendiment­o e bati em retirada. Meu saldo, quase positivo continuava quase positivo. Nunca usei o tal Pix e nunca pretendo usar. Nem faço compras pela internet. Sou um homem analógico, igual ao meu relógio.

E, logo busquei a segurança da minha caverna, cercado de vizinhos, de aves e longe dos golpes. Desconjuro! Caramba, ainda faltou varrer o quintal.

 ?? ??
 ?? ARTE KIKO ??
ARTE KIKO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil