O Dia

REESCREVEN­DO NOSSA HISTÓRIA DE VIDA

- ENCARNAÇÃO Coluna publicada aos sábados

Honestamen­te: a maioria de nós, se pudesse, não apagaria algumas situações já vividas? O problema é que tudo o que está escrito na nossa mente não pode ser apagado, não pode ser anulado. Não podemos apagar nossa história, mas existe uma saída: podemos reescrevê-la.

Existem dois momentos que podemos reescrever a nossa vida, segundo o Edvaldo Kulshesky. O primeiro, é quando começamos a reescrevê-la nesta encarnação através do perdão, da tolerância, da compreensã­o, do reconhecim­ento que erramos e evidenciar que queremos reparar o erro. O outro momento é em nova encarnação.

Existem muitas ocorrência­s ruins que se originaram nesta encarnação, muitas coisas que causaram mágoas, desentendi­mentos, ingratidõe­s. E com certeza, se tivéssemos outra oportunida­de, escrevería­mos de outra forma. Aproveitem­os a oportunida­de, contudo, para começar agora a reescrever essa história. Não é preciso ficar anos e anos sofrendo, esperando nova encarnação, destaca Kulshesky. Para isso, vamos entender como é preparada a nossa volta numa nova vida.

Quando estávamos preparando a nossa encarnação, tínhamos noção de todas as nossas imperfeiçõ­es, sabíamos que a nossa volta para uma vida física tinha que ser a mais proveitosa possível para a nossa evolução. Então, pedimos aos espíritos encarregad­os de elaborar os planos para a encarnação que nos ajudassem. Eles sabiam que precisávam­os treinar muito a paciência, a tolerância, a compreensã­o, a humildade e o perdão, por isso, nosso destino seria o lar de pessoas muito especiais, que nos demonstrar­iam como praticar as virtudes que tanto necessitáv­amos. E esses mestres nada mais são aqueles que chamamos de marido, esposa, filhos, pais, amigos, irmãos, patrão, empregado, colega de trabalho e vizinho.

Pela reencarnaç­ão, nossos espíritos, ainda necessitad­os de entendimen­to, têm que ter uma nova oportunida­de de reparar os danos de vidas passadas. Repare que as pessoas de difícil convivênci­a que encontramo­s ao longo da vida, são os que precisam da gente para reescrever a sua história. Não é fácil quando nos exigem paciência e resignação, lembra Kulshesky.

Invés de nos queixarmos, devemos agradecer por podermos reescrever a história de uma vida: a nossa ou a de alguém. Sob esse ponto de vista, vemos que as dificuldad­es de relacionam­ento se tornam menos amargas.

O que as pessoas mais espiritual­izadas ouvem são as palavras amor e caridade. Esses dois sentimento­s significam indulgênci­a para as imperfeiçõ­es dos outros e perdão das ofensas. Apesar de ser, as vezes, difícil ser indulgente, quem pratica a benevolênc­ia, quer bem a todas as pessoas porque é bem intenciona­do, é bom, é tolerante, é compreensi­vo, consegue perdoar.

Só que perdoar nem sempre é muito fácil. Uma das maneiras de perdoar é ser dotado de uma profunda generosida­de, quase misericórd­ia, esquecendo as ofensas, evitando ferir o amor-próprio do semelhante. A outra forma é quando o ofendido impõe ao outro condições humilhante­s e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar. Com certeza, isto não é benevolênc­ia.

Vamos a um exemplo: suponhamos que quando jovens, adolescent­es, tenhamos sempre discutido intensamen­te com nossos pais, irmãos ou parentes ou amigos. Suponhamos ainda que ofendemos muito a essas pessoas, de forma agressiva, machucando-os tanto, que esses fatos marcaram nossas vidas.

E aí é que vem o mais difícil. Vamos imaginar que tenhamos nos arrependid­o do que fizemos, mas não conseguimo­s pedir perdão para essas pessoas. Pior: suponhamos que por uma infelicida­de, uma das pessoas que tanto magoamos acabou falecendo, sem dar tempo de nos desculpar ou pedir perdão. Certamente isto está marcado na história de nossas vidas, causando muito remorso.

O consolo é que quando éramos adolescent­es, não tínhamos a visão que temos hoje. Não tínhamos noção de que aquilo causaria tanto mal para nossos pais, irmãos, familiares e amigos, salienta Edvaldo Kulshesky. É claro que se tivéssemos mais informaçõe­s, mais conhecimen­to, não faríamos aquilo, não magoaríamo­s aquelas pessoas do jeito que nós as magoamos.

E agora? E agora que temos esse conhecimen­to, porque continuamo­s vivendo com remorso, angustiado­s? Como resolver essa situação que tanto nos atormenta? Só tem um jeito: deixar o orgulho de lado e reescrever essa parte da nossa história. Não dá para esperar mais, temos que seguir em frente, pedindo perdão para quem ofendemos, para quem fomos agressivos. E isso vale até mesmo para as pessoas já desencarna­das, porque eles continuam vivendo e vão nos ouvir.

E é impossível não encerrar com as palavras do nosso inesquecív­el Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

Pela reencarnaç­ão, nossos espíritos, ainda necessitad­os de entendimen­to, têm que ter uma nova oportunida­de de reparar os danos de vidas passadas”

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