O Dia

PM é preso acusado de sequestrar traficante­s para implantar milícia

Cabo e comparsas pediram R$ 20 mil de resgate e a diminuição de ‘taxa’ para explorar ‘gatonet’

- PEDRO MEDEIROS pedro.medeiros@odia.com.br

Agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), e da Corregedor­ia interna da Polícia militar prenderam, na manhã de ontem, um PM e dois comparsas, apontados como autores do sequestro de dois traficante­s em Cabo Frio, na Região dos Lagos, em 2021. Segundo a promotoria, o objetivo do PM era instalar uma milícia no balneário. A operação cumpre mandados de busca e apreensão na capital fluminense, em Armação dos Búzios e também na cidade de Montanha, no Espírito Santo, locais onde cada um dos acusados foram presos.

De acordo com o MP, “as investigaç­ões demonstrar­am que, no dia 19 de outubro de 2021, no bairro Alto da Rasa, em Cabo Frio, o cabo da PM Bruno Paulo Pereira do Carmo do Valle, ao lado dos comparsas Thiago Rezende Pimentel Trindade, conhecido como Jarbinha ou Mexicano, e Cristiano Ribeiro Xavier, conhecido como Baiano, sequestrar­am, com o uso de armas de fogo, dois integrante­s da organizaçã­o criminosa que domina o tráfico de drogas nos bairros de Maria Joaquina, em Cabo Frio, e Rasa, em Búzios”.

Ainda segundo os promotores do Ministério Público, “os traficante­s estavam em uma lanchonete, quando foram surpreendi­dos pela presença

fortemente armada dos três denunciado­s, que os fizeram entrar em um carro e passaram a exigir a quantia de R$ 20 mil para libertá-los. Além disso, os três fizeram com que um dos sequestrad­os ligasse para o chefe do tráfico local da facção criminosa, Valdinei Quintanilh­a, conhecido como Macaco, solicitand­o que ele reduzisse os valores exigidos para que os denunciado­s explorasse­m o serviço clandestin­o de TV a cabo oferecido nas duas comunidade­s dominadas pelo

grupo. O valor cobrado pela organizaçã­o chefiada por Macaco, que era de R$ 1.500 mensais, passou a ser de R$ 3 mil”.

Ao que consta, como o líder do tráfico não aceitou pagar o valor solicitado por Bruno, Thiago e Cristiano nem reduzir a cobrança pela exploração do serviço ilegal nas comunidade­s, os denunciado­s deixaram as vítimas na beira da pista, perto de um posto de gasolina, na cidade de São Pedro da Aldeia.

O objetivo do grupo de

Bruno era conseguir retirar da localidade o tráfico para que pudessem instalar a milícia na região.

“Foram cumpridos os três mandados de busca e apreensão e três de prisão: um na capital, um em Búzios e um terceiro no Espírito Santo. Eles sequestrar­am dois criminosos, mas a ação foi frustrada. O trio tentou extorquir o chefe dessa organizaçã­o, que não cedeu. Eles fizeram esse sequestro em represália a cobrança do “gatonet” por esses crimino

sos, cujo dono do serviço é o cabo Bruno”, revelou o promotor do Gaeco, Rafael Dopico, lotado em Armação dos Búzios.

O PM, preso em sua residência, em Cascadura, Zona Norte do Rio, foi conduzido até a 27ª DP, em Vicente de Carvalho. Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar afirmou não compactuar com desvios de conduta e cometiment­o de crimes praticados por seus integrante­s, punindo com rigor os envolvidos.

PM afirmou não compactuar com desvios de conduta e cometiment­o de crimes praticados por seus integrante­s, punindo com rigor os envolvidos

 ?? MARCOS PORTO / AGÊNCIA O DIA ?? Preso em sua residência em Cascadura, o cabo da PM, Bruno Pereira, deixa a 27ª DP, em Vicente de Carvalho, Zona Norte do Rio, após prestar depoimento
MARCOS PORTO / AGÊNCIA O DIA Preso em sua residência em Cascadura, o cabo da PM, Bruno Pereira, deixa a 27ª DP, em Vicente de Carvalho, Zona Norte do Rio, após prestar depoimento

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