O Dia

Impressões 3D ajudam a restaurar acervo do Museu Nacional

Informaçõe­s podem salvar peças danificada­s no incêndio e servir como material para exposições

- CAROLINA MOURA carolina.moura@odia.com.br

Após o incêndio que atingiu o Museu Nacional, em 2018, amuletos e peças raras egípcias passaram a ser resgatadas dos escombros. Muito se perdeu, mas também há muito para se recuperar. O laboratóri­o do museu, que trabalha desde 2003 com tecnologia digital, agora também faz impressões 3D de protótipos que são usados no lugar de peças que foram danificada­s pelo fogo, enquanto estão em restauraçã­o, ou que se perderam totalmente.

Antes do incêndio, a coleção egípcia do Museu Nacional contava com cerca de 700 peças. De acordo com o arqueólogo Pedro Luís Von Seehausen, foram resgatadas mais de 300 peças. “Com o impacto do incêndio, pensamos que tudo se perdeu e que não havia mais solução. Mas a gente já começou a pensar também na possibilid­ade de

Antes do incêndio, a coleção egípcia da instituiçã­o contava com cerca de 700 peças

algumas peças terem se salvado”, disse Pedro. “Uma alternativ­a na minha cabeça era: trabalhar em um projeto, resgatando peças da coleção. Algumas resistiram ao incêndio, principalm­ente aquelas feitas de rocha e metal, como os amuletos. Tínhamos essa noção”, completou.

Segundo Pedro, o que foi não foi recuperado não significa que tenha se perdido totalmente. Muitas peças ficaram fragmentad­as, algumas em até 80 pedaços. No entanto, com um trabalho minucioso, há possibilid­ade de ser restaurada. “O número de peças resgatadas pode aumentar muito, tudo depende da capacidade do restauro. A sorte é que temos profission­ais de excelência, formados pelo próprio museu”, declarou.

O incêndio de 2018 destruiu o caixão de madeira e os restos da sacerdotis­a egípcia Sha-Amum-em-Su, mumificada há 2.700 anos. O interior do sarcófago estava lacrado desde então, sendo revelado somente pelas chamas do fogo. No entanto, os oito amuletos que estavam em seu interior e que nunca tinham sido vistos antes não foram atingidos. Entre eles, o chamado escaravelh­o-coração. A sacerdotis­a, que era cantora de Amon, havia sido dada de presente pelo rei do Egito na época, Kediva Ismail, para D. Pedro II.

O que foi não foi recuperado não significa que tenha se perdido totalmente PEDRO LUÍS VON SEEHAUSEN, arqueólogo

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DIVULGAÇÃO Réplica da Luzia feita em 3D

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