O Dia

Vivências da cultura africana entram em grades curricular­es

Estudantes de colégio municipal em Sepetiba terão aulas de cultura em terreiro de candomblé

- CAROLINA MOURA carolina.moura@odia.com.br

Com o objetivo de combater o preconceit­o racial e religioso, os alunos do Ciep Ministro Marcos Freire, em Sepetiba, na Zona Oeste, terão em suas grades curricular­es, a partir do ano que vem, uma série de vivências da cultura africana. A parceria, firmada entre o colégio e o Instituto Onikoja, obedece às leis 10.639 e 11.645, que instituem a obrigatori­edade do ensino da história e da cultura afro-indígena nos estabeleci­mentos de ensino fundamenta­l e médio no Estado do Rio. O acordo alcança também os professore­s, que poderão aprender sobre a cultura afro-brasileira e replicá-la nas escolas.

Segundo o sacerdote de matriz africana, fundador e presidente do Instituto Onikoja, Humbono Rogério, o mesmo colégio firmara uma parceria semelhante com a instituiçã­o em 2017. Nesta última semana, para homenagear o Dia da Consciênci­a Negra, cerca de mil alunos do Ciep, do sexto ao nono ano, participar­am de atividades e vivências africanas. Foram três dias de programaçã­o rica em informação e cultura, com aulas de capoeira, culinária típica e rodas de conversa. “Fizemos esse trabalho durante a Semana da Consciênci­a Negra para falar da importânci­a da cultura africana, corroboran­do com o discurso do combate ao racismo”, disse.

Em 2023, a ideia é levar os estudantes para uma vivência dentro do terreiro do instituto: “Ano que vem, boa parte dos alunos desse colégio farão atividades dentro do terreiro. As crianças e os adolescent­es vão participar de oficinas de capoeira, dança, música, culinária, roda de conversa, entre muitas outras coisas. Elas vão comer comida da África, como acarajé, canjica, feijoada. Vamos vencer esse preconceit­o”.

Segundo Rogério, o projeto ainda não tem dias certos para acontecer, mas funcionará em determinad­os dias da semana, podendo ser até mesmo de forma quinzenal, sendo uma vez com professore­s e funcionári­os e nas outras com os alunos. “As leis 10.639/03 e 11.645/08 preveem que todos possam tratar da cultura afro-indígena nas salas de aula, a falha é que elas não especifica­m que o professor precisa ser capacitado nas universida­des. Essas leis não são aplicadas porque ninguém sabe falar sobre o assunto”, completou.

As crianças e os adolescent­es vão participar de oficinas de capoeira, dança, música, culinária...” HUMBONO ROGÉRIO, sacerdote de matriz africana

A Instituiçã­o Onikoja nasceu dentro do terreiro Humpame Kuban Bewa Lemin, em Sepetiba, há 22 anos. Junto com ele, foi criado o projeto Onikojá, que em 2017 virou um instituto. As ações que o projeto desenvolve dentro dos terreiros visa homenagear a herança cultural africana, ajudando pessoas que estão em situação de vulnerabil­idade social e promovendo o diálogo intercultu­ral e inter-religioso. “Nós fazemos um trabalho de formiga. Toda semana a gente faz roda de cidadania aqui no instituto, tanto para crianças quanto para adultos”, pontuou Rogério.

 ?? DIVULGAÇÃO ?? Rogério esteve no Ciep Ministro Marcos Freire em celebração ao Dia da Consciênci­a Negra
DIVULGAÇÃO Rogério esteve no Ciep Ministro Marcos Freire em celebração ao Dia da Consciênci­a Negra
 ?? DIVULGAÇÃO ?? Ciep Ministro Marcos Freire tem parceria com o Instituto Onikoja, permitindo vivências da cultura africana
DIVULGAÇÃO Ciep Ministro Marcos Freire tem parceria com o Instituto Onikoja, permitindo vivências da cultura africana

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil