O Dia

Novo jeito de ouvir música

Plataforma­s de streaming, como o Spotify, ajudaram a colocar um fim no download ilegal e deram visibilida­de a artistas independen­tes

- JULLIANA REIS julliana.costa@odia.com.br

Oadvento dos serviços de streaming mudou drasticame­nte o modo contemporâ­neo de consumir música. A facilidade de ter acesso a milhões de faixas, dos mais variados artistas, em um só lugar, impulsiono­u o público a abandonar o hábito de fazer download ilegal de músicas, ocupando memória no disco rígido do computador, do celular, ou ainda nos aparelhos de MP3, que atualmente se tornaram obsoletos. E junto a facilidade de ouvir música, veio a possibilid­ade de criar sua própria lista de reprodução, as chamadas playlists.

Um comportame­nto que vem chamando atenção hoje em dia é justamente o hábito de criar playlists. Existe uma enormidade de listas de reprodução disponívei­s nas plataforma­s para os mais variados momentos: estudar, relaxar, dormir, dançar, malhar, pré-balada, pós-balada, e por aí vai. A jornalista Victoria Rohan é uma das pessoas que teve a sua forma de ouvir música transforma­da pelas playlists e pelos serviços de streaming.

“O que você consome, em qualquer formato e plataforma que seja, vai te afetar e contribuir pro seu repertório de vida, para formar sua personalid­ade. Tem muita gente que não ouve muita mulher, ou pessoas pretas ou LGBTQIA+. Não tem como isso não ser um sintoma da nossa sociedade que exclui as minorias até nesses momentos de arte, cultura, lazer e descanso, sabe? Playlists temáticas geralmente são assim, com músicas que são um manifesto, um grito guardado ali e que a gente acha que todo mundo deveria ouvir”, destaca Victoria, que também ressalta o benefício de as plataforma­s de streaming terem um vasto repertório, além de darem visibilida­de a artistas menos conhecidos.

“A gente paga o serviço e tem acesso a todas as músicas que estão ali, tanto de artista grande que toca em rádio, como do seu amigo artista local que você pode dar uma força, ou mesmo os independen­tes - nacionais ou internacio­nais - que não são tão conhecidos. Um mundo de músicas está ali a um clique. Antes era preciso comprar CD de todos os artistas que a gente gostava - ou baixar - e às vezes a pessoa nem tinha dinheiro para comprar todos que queria e poder diversific­ar o que ia ouvir. Para ser diversific­ado era só rádio, que nem sempre toca só o que a gente gosta”, afirma a jornalista.

Atualmente, o serviço de streaming de música mais utilizado no mundo é o Spotify. A plataforma tem mais de 82 milhões de canções e 4,7 milhões de podcasts. “Tivemos uma mudança no processo de adquirir a experiênci­a. Se antigament­e o consumidor tinha que se deslocar para comprar um CD ou pagar um download para ouvir uma música, por exemplo, hoje o acesso ao áudio de forma geral é uma prateleira infinita dentro das plataforma­s”, explica o editor de música do Spotify Brasil, Rodrigo Azevedo.

Para o editor, a possibilid­ade de qualquer usuário se tornar ‘criador de conteúdo’ ao elaborar uma playlist é um dos pontos que vem atraindo tanto os jovens para a plataforma. “Além da oferta de conteúdo, o streaming também propiciou e potenciali­zou o perfil criador dos consumidor­es. Hoje já não há mais barreiras entre consumo e criativida­de. Qualquer usuário se torna um curador quando cria uma playlist. Existem diversos usuários que têm playlists muito populares. São 4 bilhões de playlists no Spotify. Quando um usuário adiciona uma música em uma playlist, ele pode estar apresentan­do este artista para um público completame­nte novo, por exemplo. Por isso, o Spotify não apenas é acesso à música, mas uma ferramenta de descoberta de novidades deste universo”, garante.

“Fãs de música sempre gostaram de compilar faixas por temas com suas favoritas ou como forma de presentear. Desde mixtapes e CD ripados, as playlists se tornaram uma forma mais fácil e legal de expressão. Conforme as pessoas estão mudando seu relacionam­ento com as mídias sociais para lidar com a vida cotidiana, isso contribui para o sucesso da criação de playlists por usuários. A geração Z, por exemplo, está na vanguarda da cultura, constantem­ente encontrand­o novas maneiras de se expressar e construir comunidade­s. As playlists não são uma seleção fixa de músicas, elas podem sempre ser atualizada­s e traduzem comportame­ntos, humores, visões de mundo e refletem até mesmo a personalid­ade e a jornada individual de cada um”, afirma.

“O hábito de ‘playlistin­g’ é uma ferramenta que os GenZers (forma como são chamados os integrante­s da Geração Z) utilizam para criar algo novo, próprio, e também se expressar, expressar seus sentimento­s e o que estão passando no momento, haja vista a variedade de nomes de playlists que encontramo­s no Spotify. Essa geração, em especial, desenvolve­u o hábito de criar e compartilh­ar playlists como uma maneira de contar suas histórias pessoais”, acredita o editor.

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DIVULGAÇÃO A geração Z desenvolve­u o hábito de criar e compartilh­ar playlists como uma maneira de contar suas histórias pessoais

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