O Dia

‘Acabou com a nossa família’, diz pai de jovem morto em pet shop

Corpo de Gabriel Caetano dos Santos foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade

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“Estamos debilitado­s e fracos. Ninguém espera enterrar o filho de 19 anos.” As frases são uma parte do relato de José Caetano, pai de Gabriel Caetano Freixo dos Santos, morto depois de uma tentativa de assalto na loja em que trabalhava em Anchieta, na Zona Norte do Rio. O corpo do jovem foi sepultado na manhã de ontem, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

A cerimônia contou com a presença de familiares e amigos bastante emocionado­s, inclusive com a irmã de Gabriel tendo que ser amparada durante o velório. De acordo com José Caetano, a família está destruída. A moto, alvo dos assaltante­s, segundo uma testemunha, era o xodó da vítima, conforme confirmou o pai.

“Ele não era um filho comum, ele era especial. Na época do colégio, ele tirava boas notas, tirou carteira de habilitaçã­o rápido. Tudo que nós trabalhamo­s e fizemos foi em prol da vida dele. De repente, num piscar de olhos, por questão de segundos, chega um destruidor de vidas e acabou com a nossa família. Gabriel era uma pessoa íntegra e a moto era o sonho de consumo dele. Seu xodó”, desabafou.

José Caetano revelou que

o filho morreu depois de passar a manhã estudando em casa. No dia anterior, o jovem tinha trabalhado em uma obra no estabeleci­mento.

Desolado, o pai deixou uma mensagem para os criminosos que tiraram a vida de Gabriel: “Ladrão, você que matou o meu filho, aqui é um casal de lutadores, batalhador­es. O Gabriel é a réplica e o exemplo nosso. Mas tem um detalhe, você só sabe matar, roubar e destruir. Você venceu”.

O jovem foi morto enquanto trabalhava em uma pet shop da família, localizada em Anchieta, na Zona Norte do Rio. De acordo com uma testemunha, Gabriel foi vítima de criminosos que tentaram roubar sua motociclet­a.

“Eles (assaltante­s) queriam a moto dele e ele jogou a chave lá no canto (da loja), não deu a chave. Então, eu acho que aquela bagunça foi porque eles começaram a procurar a chave ali e não

acharam, aí pegou (atirou contra) ele. Ele era muito simpático, muito gente boa. Eles (a família) não tinham inimizade com ninguém, são evangélico­s. Eu vi esse menino bebê, porque moro aqui há 30 anos, vi ele e a irmãzinha dele nascerem”, lamentou uma testemunha, que é enfermeira e acionou a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.

Segundo Ruth dos Santos, mãe de Gabriel, o jovem era o sustento da família.

“Com certeza, ele deve ter reagido aquele assalto porque ele ama a família. Sabe o que é aquilo [loja] ali? Era o quartel general dele. A loja é o sustento da nossa família. Ele virava massa e levantou aquele prédio junto com os pais. Sabe para que? Para honrar os pais. Muitas das vezes ele falava assim: ‘mãe eu tenho que ir para a loja? Eu quero estudar’ e eu falava ‘Gabriel, precisamos da sua ajuda e sua força’”, lamentou a mãe.

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REGINALDO PIMENTA / AGÊNCIA O DIA Vítima trabalhava na loja da família, em Anchieta, quando levou um tiro na cabeça, disparado por criminosos que tentaram levar sua moto

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