Entenda os motivos levaram a cotação do dólar a cair este ano
Ao contrário das previsões pessimistas, valor da moeda registrou queda em 2023
Muito se discutiu nas últimas eleições sobre quem deveria ser o presidente do Brasil e quais impactos a escolha teria em todos os campos, principalmente o econômico. Os apoiadores de Lula tinham seus argumentos, e os bolsonaristas, os deles. A seguinte frase foi muito dita por aí: “Se o Lula vencer, o dólar vai disparar”, em sinal de alerta. Meses se passaram e a moeda norte-americana não disparou, pelo contrário, a cotação caiu. Mas, por que isso está aconteceu?
Pouco após a virada do ano, em 4 de janeiro, a cotação do dólar chegou a bater R$ 5,45. Um mês depois, a divisa estava em R$ 5,14. No início dos meses de março e abril, a moeda norte-americana custava R$ 5,20 e R$5,07, respectivamente. Na primeira semana de maio, o valor era de R$ 4,99, e na última sexta-feira, dia 26, fechou nos redondos R$ 5.
VARIAÇÃO DA MOEDA
Antes de entender o motivo que levou à queda, é preciso saber o que provoca a variação da moeda de modo geral. A economista Maria David, formada pela Pontifícia Universidad Católica de Chile, explica que “a cotação do dólar responde a vários parâmetros”.
“Depende da situação interna da Economia brasileira, mas também das condições internacionais. A cotação é uma paridade entre o poder de compra da moeda nacional, o real, e de uma moeda conversível. Portanto, responde ao nível de atividade econômica, à variação dos preços e ao movimento de capitais”, esclarece.
Para a especialista, a queda do valor do dólar se deu porque o Brasil “tem taxas de juros elevadas e isso estimula a entrada de capitais externos, pois a remuneração fica mais alta”.
Já o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Mauro Rochlin acredita que um dos grandes motivos para a queda da cotação é a nova proposta orçamentária brasileira, aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados, mas que já é comentada há meses.
“A queda do dólar, fundamentalmente, está relacionada ao novo arcabouço fiscal. É uma proposta de disciplina fiscal, que é vista como um compromisso de austeridade com as contas públicas. Isso reduz a sensação de risco dos investidores”, explicou.
Corroborando com a explicação, Maria David também citou que uma “maior estabilidade econômica, sem dúvidas, influência nas expectativas dos investidores”.