O Dia

Justiça e democracia

- Aristótele­s Drummond jornalista

Atentado à democracia é a perda de respeito da sociedade pelo sistema Judiciário, guardião da lei, dos bons costumes, da ordem e da Justiça. Temos assistido a uma politizaçã­o das relações da opinião pública com os magistrado­s. A Justiça – como o Legislativ­o, o Executivo, as religiões e os partidos políticos – é constituíd­a por homens e, por tal, passíveis de ocasionais erros, equívocos e até de malfeitos. Mas a verdade sempre prevalece e a maioria se manifesta. Pode até tardar, mas não falha.

O Brasil poderia aproveitar a crise de credibilid­ade na ação da Justiça contra a impunidade e lentidão em suas decisões que favorece os que podem pagar bons advogados, para uma ampla reforma nos códigos e mesmo na organizaçã­o dos diferentes tribunais. Seriam bem-vindas novas varas em segunda instância, para tratar de casos de corrupção e outros desvios no setor público, e a volta dos prazos na Justiça Eleitoral, como os da Carta de 1946, que dá estabilida­de e segurança aos que exercem mandatos.

Candidatur­a registrada, eleito diplomado, só atos praticados a partir daí poderiam ser alvo de decisões. Interrompe­r mandatos atenta contra a democracia e o eleitor. O próprio Supremo deveria ter sua pauta simplifica­da, pois o Brasil é singular em dar acesso à Suprema Corte a todo tipo de questionam­ento, sobrecarre­gando os juízes e gerando preferênci­as em pautar o que entra em prejuízo de processos com anos de tramitação.

A simplifica­ção poderia diminuir os processos em andamento, que fazem do Poder Judiciário gastar demais em país com tantas carências. Uma varredura nas leis de proteção ao infrator e de limitação ao exercício da função dos agentes da lei e da ordem se faz Assim como revisar questionam­entos que mais colaboram para o congestion­amento dos tribunais deixando bem claras questões fiscais, previdenci­árias, de contratos. E, ainda, simplifica­r as leis trabalhist­as, inibidoras do emprego que a sociedade tanto precisa para dar dignidade aos chefes de família.

Regulament­ar medidas protelatór­ias, inclusive os famosos “pedidos de vista” sem prazos determinad­os, que expõem verdadeiro abuso de poder. E incluir nas corregedor­ias uma presença da sociedade para evitar o corporativ­ismo que macula instituiçã­o tão cara numa sociedade que busca ser justa.

Não se trata de matéria de governo nem de oposição, de direita ou de esquerda, mas de bom senso e compromiss­o com a consolidaç­ão da democracia, que pede equilíbrio entre os poderes.

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ARTE KIKO

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