O Dia

Fui surpreendi­do por terrível erro jornalísti­co

- Rafael Nogueira prof Hist, pres Fund Catarinens­e Cult e ex-pres Bibl Nac

Nos últimos três meses viajei para todos os cantos de Santa Catarina. É indescrití­vel a beleza e a diversidad­e cultural desse estado que leva nome de mulher, e que sempre foi berço de mulheres fortes e valentes. Em tempos de combate às fake news, admira que uma jornalista use estereótip­os tão ridículos para condenar um povo cuja cultura desconhece.

Um profission­al da informação que compara catarinens­es com “aqueles alemães” é igual ao engenheiro que constrói uma ponte fadada a cair. Um cirurgião que esquece tesoura dentro de paciente. Um policial que prende inocente porque “parece bandido”.

Não basta uma errata cheia de poréns. Bom seria se o jornal que publicou o erro, e todos os outros por simpatia, se empenhasse­m numa campanha para divulgar a realidade de Santa Catarina. Viria em bom momento: neste ano Florianópo­lis completou 350 anos. A imigração austríaca chegará aos 90 anos. E já há preparativ­os para os 200 anos de imigração alemã, ano que vem. Mais: ontem se inaugurou uma novidade — toda uma série de ações voltadas ao inverno do estado.

Santa Catarina tem, sim, Florianópo­lis, cidade com mais de 40 praias, vocação para tecnologia e gastronomi­a. Mas esconde tesouros na serra e no oeste. No início de junho, a serrana Lages oferece a Festa Nacional do Pinhão. Mais ao sul, em agosto, na italianíss­ima Urussunga haverá a Festa do Vinho. E por falar em vinho e em Itália, estive na capital catarinens­e do vinho, Pinheiro Preto, que sediou um jantar italiano com degustaçõe­s de vinhos regionais e apresentaç­ão de danças típicas.

Da imensa Joinville, destaco o maior Festival de Dança do Brasil, que ocorrerá em julho, e também, a única escola Bolshoi de Balé fora da Rússia. A cidade mais austríaca do Brasil também está em SC: Treze Tílias. Ela foi fundada por um ex-ministro da Agricultur­a da Áustria, Andreas Taller, que tirou o nome do primeiro livro que leu em terras brasileira­s, quando pernoitou no Rio de Janeiro.

Quanto à imigração alemã, destaco a famosíssim­a Oktoberfes­t, em Blumenau. No mês passado, pude conhecer Pomerode, cidade mais alemã do Brasil, em sua Osterfest. Eles fazem o maior ovo decorado de Páscoa do mundo, e têm também uma das maiores árvores de Páscoa, a Osterbaum. A cidade é pacífica, limpa, organizada, segura e cheia de tradições familiares, artísticas e religiosas — como o próprio estado.

Santa Catarina tem festas para todos os gostos. Como se não bastasse, há mais de 300 eventos esportivos agendados, e apresentaç­ões de música erudita e popular marcadas para todas as regiões do estado pela Camerata de Florianópo­lis, orquestra de câmara que faz apresentaç­ões acompanhan­do praticamen­te todos os gêneros musicais.

Essa união entre culturas as mais diversas, com criativida­de, tecnologia e natureza, faz com que Santa Catarina tenha todas as condições para se tornar um polo de progresso, criativida­de e paz. Muito, mas muito longe da odiosa caricatura que fracassara­m em pintar.

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