O Dia

Alcione recebe tributo no Prêmio da Música Brasileira

Criolo e Xande de Pilares unem vozes em parceria inédita na cerimônia, que acontece hoje. Dupla se diz honrada em celebrar a cantora

- JOSUÉ SANTOS josué.santos@odia.com.br

OPrêmio da Música Brasileira realiza sua 30ª edição, hoje, marcando o retorno do evento, que não acontecia desde 2018. Após o hiato de quatro anos, a cerimônia de entrega da honraria acontece no Theatro Municipal, apresentad­a por Lázaro Ramos e Felipe Neto. Seguindo a tradição de reconhecer os feitos de um artista nacional, a organizaçã­o elegeu Alcione como a grande homenagead­a da noite, com direito a apresentaç­ões que irão relembrar alguns dos maiores sucessos da Marrom.

Entre elas, Criolo e Xande de Pilares prometem emocionar com uma nova versão do clássico ‘Garoto Maroto’ após terem sido convidados pelo criador da premiação, José Maurício Machline. Além da dupla, nomes como Iza, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Emicida e Marina Sena completam a lista de artistas que sobem no palco do evento, que será transmitid­o ao vivo pelo YouTube e em um telão na Cinelândia. Ao DIA, Criolo descreve o momento como um “combo de felicidade”: “O Prêmio da Música Brasileira é mais que um prêmio, é uma celebração, é uma provocação de encontro, é o relembrar histórias e escrever novas histórias”, declara o rapper.

“E [sobre] homenagear a nossa Alcione, o sorriso já vem fácil no rosto da gente. É uma honra máxima estar no mesmo ambiente que ela, e uma honra maior ainda ter a oportunida­de de cantar pra ela. Essa magia toda se complement­a com dividir o palco com uma pessoa que eu acho que é um dos grandes artistas do Brasil. Pra mim, é uma honra muito grande ter a oportunida­de de subir ao palco e dividir uma canção com Xande de Pilares, ainda mais homenagean­do a nossa Alcione. É de uma felicidade que não sei nem explicar”, acrescenta o paulista.

Enquanto isso, Xande destaca que prestigiar a cantora é honrar suas raízes no samba e cita até mesmo uma memória familiar. “É um sentimento de satisfação quando você tem um ídolo e ele te reconhece como profission­al, vê que você está seguindo os passos dele, além do sentimento de estar sendo notado. Eu fui criado ouvindo [Alcione], meu avô era muito fã. Lembro que, quando ele ficava na sala ouvindo-a, ninguém podia passar perto pra não atrapalhar. E eu acabei sendo influencia­do pelo trabalho dela através dele. Então, hoje, cada momento que eu estou perto dela é muito bacana”, afirma o sambista.

Pouco depois de comemorar 75 anos de idade, Alcione completa cinco décadas de carreira que a tornaram a segunda maior vencedora do Prêmio da Música Brasileira, com 21 prêmios, atrás apenas de Maria Bethânia, com 23. Prestes a ser homenagead­a na Marquês de Sapucaí como enredo da Mangueira, a Marrom não esconde a felicidade em receber o tributo hoje. “Ser recordista de uma premiação que ostenta um cenário musical de altíssimo quilate como é o brasileiro, só poderia me proporcion­ar uma imensa alegria. Era uma coisa inimagináv­el pra mim”, comenta.

“E quando, ainda por cima, o Zé Maurício me presenteia com essa homenagem a surpresa foi ainda maior! A ficha ainda não caiu... Sinceramen­te, ganhar tantas flores em vida, e logo nesse cinquenten­ário, só me faz acreditar que valeu a pena batalhar por uma carreira sólida e não optar pela busca do sucesso fácil, mas efêmero”, reflete a artista, que também se apresentar­á no Theatro Municipal ao lado do DJ Pedro Sampaio.

XANDE EM DOIS MOMENTOS

Por outro lado, o Prêmio da Música Brasileira também carrega significad­os especiais para cada artista que sobe no palco da premiação. No caso de Xande de Pilares, a noite de hoje será um momento de retornar ao espaço onde já trabalhou como faxineiro. O carioca, então, revela o segredo que o levou a se tornar um dos principais nomes do samba. “Já toquei num lugar que não tinha ninguém, como já toquei em lugar super lotado. A gente sabe que existe a discrimina­ção por determinad­o gênero de música, mas, quando a gente gosta do que faz, a gente quer superar todos os obstáculos”, diz o cantor.

Já Criolo chega indicado nas categorias de ‘Música Urbana’, que anteriorme­nte se chamava ‘Pop/Rock/Reggae/ Hip Hop/Funk’. O rapper enfrenta nomes como Iza, Gloria Groove e Baco Exu do Blues na disputa pelos prêmios de melhor lançamento, com o álbum ‘Sobre Viver’, e melhor intérprete, renomeado para incluir mulheres, homens e pessoas não-binárias. Um dos grandes expoentes da luta antirracis­ta através da música, o artista enfatiza que a emoção já começa pelo fato de concorrer novamente ao Prêmio da Música Brasileira, de onde já saiu vencedor em 2012 e 2018.

“É uma honra muito grande! O álbum foi feito com o coração, assim como tudo que eu faço. Mas a gente vem de um momento de chutar com nossas forças e falar que a gente está vivo, que a gente está respirando, que está doendo, mas que a gente existe. Nosso povo merece viver bem, ter alegria, felicidade, suas conquistas, se reconhecer nos lugares. A gente está aqui celebrando mais uma vez e e ser indicado ao Prêmio da Música Brasileira é surreal”, celebra.

Ganhar tantas flores em vida só me faz acreditar que valeu a pena batalhar por uma carreira sólida e não optar pela busca do sucesso fácil,mas efêmero” ALCIONE, cantora

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MARCOS HERMES A Marrom é a segunda maior vencedora do Prêmio da Música Brasileira: 21 premiações

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