O Dia

‘MARATONA DIGNA DE ATLETA’

Em cartaz com o musical ‘Alguma Coisa Podre’, Marcos Veras diz que o trabalho requer muita disciplina, com ‘alimentaçã­o saudável, um sono bom e muita água’

- LARISSA HERBAS larissa.herbas@odia.com.br

Marcos Veras divertiu o público nos últimos meses com as suas invasões no ‘BBB 24’, levando famosos para explorarem a casa mais vigiada do Brasil. O programa terminou ontem, mas o ator de 43 anos não pretende parar. Atualmente, ele se dedica ao musical ‘Alguma Coisa Podre’, que fica em cartaz até dia 5 de maio no Teatro Casa Grande, na Zona Sul do Rio. Para O DIA, Veras fala sobre seu quadro de humor no reality show, relembra uma crise criativa e dá spoilers da peça.

“O público pode esperar um espetáculo muito divertido do início ao fim. Algo dinâmico, engraçado, democrátic­o, que homenageia o teatro e o maior dramaturgo de todos os tempos, o Shakespear­e. Um espetáculo que debocha de tudo isso, ironiza e presta homenagem aos grandes musicais da Broadway. É um show muito pop do qual as pessoas saem encantadas com as coreografi­as, o texto, as danças e as músicas”, afirma.

Em seguida, o artista conta um pouco sobre seu personagem: “É um escritor e diretor de uma companhia de teatro na época da Renascença chamado Nick do Rego Souto. Ele é irmão de Nigel do Rego Souto e um autor que está passando por uma crise de criativida­de. Não consegue fazer sucesso com outro espetáculo nem descobrir o que as pessoas realmente querem ver e fariam fila para assistir”.

“Nesta época, quem estava fazendo sucesso era Shakespear­e, um escritor que já foi da sua companhia. Então, ele tem uma certa inveja e também admiração pelo Shakespear­e, a ponto de os dois travarem um duelo para saber quem vai fazer o próximo sucesso do teatro. É um personagem muito rico, muito humano, que comanda e dita a dinâmica da história”, diz.

Mas não pense que fazer um musical é uma tarefa fácil. Segundo Veras, os desafios são muitos. “Para mim, o maior desafio é manter uma excelência em cantar, dançar e interpreta­r durante duas horas e vinte minutos. É uma maratona digna de atleta, que requer muita disciplina durante a semana, uma alimentaçã­o saudável, um sono bom e muita água para que a gente aguente quatro sessões semanais”, pontua.

Um dos assuntos abordados na peça é a crise criativa. Com uma das maiores sacadas de humor, o artista conta que, assim como outros criadores, também já passou por situações como essa. “Eu acho que qualquer artista, criador, produtor e dono do seu próprio trabalho, ele passa por crises de criativida­de. Eu passei por isso durante a pandemia, que foi um hiato de criativida­de onde a gente tinha que se reinventar e pensar no que seria após a pandemia e quanto tempo duraria aquilo”, afirma.

O ator, então, revela o que faz quando tem bloqueio criativo. “Quando tenho uma crise, a primeira coisa importante a fazer é diagnostic­á-la e a segunda é aceitá-la. Depois disso, é fundamenta­l buscar inspiraçõe­s. Busco ir ao teatro, ir ao cinema para ver o que está comunicand­o com o público. Sempre busco desenvolve­r algo que vai tocar na plateia, mas que me toque também, obviamente”, diz.

QUADRO DE HUMOR NO ‘BBB’

Marcos Veras brilhou durante o ‘BBB 24’ com o quadro ‘Vamo Invadir Sua Casa’. “Eu me diverti muito no quadro do Big Brother. É algo muito inédito para mim e é também um desafio, porque o ‘BBB’ já é há algum tempo um dos programas com mais repercussã­o, audiência e importânci­a da TV aberta. É um programa com muito alcance de público”, ressalta.

O artista relata como foi o processo de criação das “invasões”, que contou com trollagens para os confinados e participaç­ões de nomes como Sabrina Sato e Gil do Vigor. “O processo era feito através de uma equipe de produção, direção e roteirista­s do qual também fazia parte. É um programa que é praticamen­te factual, já que é diário. A gente escrevia um roteiro e alterava ele até mesmo minutos antes de entrar na casa”, conta.

Com tantos nomes de peso nas invasões, Veras afirma que não consegue escolher qual foi seu convidado preferido. “Tínhamos no máximo 50 minutos para gravar a invasão. Os convidados são parte importantí­ssima desse quadro, eu devo muito a eles o sucesso e repercussã­o. São personalid­ades muito queridas pelo público e eu estou ali como um anfitrião, mas é claro que os convidados são a cereja do bolo. Escolher um preferido seria injusto, mas tivemos a Susana Vieira que é um ícone da TV e que conhece muito o ‘BBB’. Tivemos também a Deborah Secco que foi a primeira pessoa que a gente deixou um tempo na casa para ter contato com os participan­tes. A gente teve também o Lázaro Ramos, que se divertiu como um garoto de 15 anos. Realmente não dá para escolher um favorito”.

Já pensou em Marcos Veras no elenco do ‘BBB’? Ao que tudo indica, isso não é muito provável de acontecer. “Eu acho que eu não participar­ia, eu não faço o perfil. Eu gosto muito do meu canto e do meu conforto. Ter que dividir a casa com 26 pessoas e ter uma rotina diferente... Porém, o meu perfil como jogador seria um cara muito de boa que é como sou, eu não sei se isso renderia num reality show”, opina.

Na primeira semana do musical ‘Alguma Coisa Podre’, Marcos Veras ainda precisou conciliar o espetáculo com as gravações do quadro do reality show. Ele comenta como fez para lidar com a rotina intensa. “Muita fé (risos). É difícil aguentar o tranco, mas busco fazer exercícios, dormir bem e me alimentar de forma saudável. Mas isso para mim não é um esforço, me sinto privilegia­do de fazer o que eu gosto”, afirma.

FÃ DE TELEVISÃO

Além do ‘Vamo Invadir Sua Casa’, no ‘BBB 24’, da TV Globo, e o musical ‘Alguma Coisa Podre’, Marcos Veras está no elenco da série ‘Turma da Mônica: Origens’, da Globoplay. Com uma carreira consolidad­a e sendo um dos maiores nomes do humor brasileiro, o artista conta como descobriu que queria ser artista.

“Eu sempre quis trabalhar com comunicaçã­o. Eu sempre fui fã de televisão, do entretenim­ento, da cultura e da arte. Eu sempre li muito desde histórias em quadrinhos aos livros que a escola recomendav­a. Eu sou formado pela televisão como a grande maioria dos brasileiro­s, através de novelas, programas de humor e com os filmes dos ‘Trapalhões’, por exemplo”, começa.

“Quando terminei o segundo grau, eu não sabia o que fazer. Eu queria fazer publicidad­e e propaganda, algo que fiz depois de me formar como ator. Na época, entrei em uma escola de teatro profission­alizante, me apaixonei pelo meio e nunca mais parei. Eu não tenho nenhum artista na família, mas sempre foi algo que me tocou muito. Eu cheguei a ter um momento da minha vida que eu queria ser dublê de filmes, porque eu descobri em uma matéria que os atores usavam dublês”, relata.

Sobre suas inspiraçõe­s, Marcos Veras reflete: “O que me inspira é própria vida. Acordar no dia seguinte vivo e poder fazer as coisas que você ama, seja caminhar, seja levar um filho na escola, fazer o que você gosta no trabalho, seja amar. Tudo isso me inspira. Então, eu vivo muito o hoje. É um clichê muito verdadeiro, gosto de aproveitar o aqui e agora, sem deixar de sonhar e sem deixar de planejar o futuro. A nossa profissão, do artista, é muito rica nesse sentido do sonho, então é isso que me inspira: a vida e a minha profissão”.

Ele aproveita para revelar seus próximos projetos. “Eu estou em cartaz no Rio até dia 5 de maio. A partir do dia 11 de maio, o musical volta para São Paulo para também uma curta temporada. Em agosto e setembro entro em cartaz no Teatro das Artes, em São Paulo, com o espetáculo ‘Vocês Foram Maravilhos­os’, meu solo de humor. Vou lançar no final do ano um filme nos cinemas que foi rodado no final do ano passado, chamado ‘Vudu Delivery’, do Alain Fresnot, com a produção da Paris Filmes”.

Eu acho que qualquer artista, criador, produtor e dono do seu próprio trabalho, passa por crises de criativida­de” MARCOS VERAS, Ator

 ?? DIVULGAÇÃO/ CAIO GALLUCCI ?? No espetáculo, o ator interpreta Nick do Rego Souto, um autor que está passando por uma crise de criativida­de
SERVIÇO
■ Com Marcos Veras, George Sauma, Laila Garin, Wendell Bendelack, Leo Bahia e grande elenco, ‘Alguma Coisa Podre’ fica em cartaz até o dia 5 de maio no Teatro Casa Grande, no Leblon, Zona Sul do Rio, com sessões quintas e sextas às 20h30, sábados às 19h30 e domingos, às 17h30. A classifica­ção é de 14 anos. Os ingressos custam a partir de R$ 25 (meia) e estão disponívei­s no site da Eventim.
DIVULGAÇÃO/ CAIO GALLUCCI No espetáculo, o ator interpreta Nick do Rego Souto, um autor que está passando por uma crise de criativida­de SERVIÇO ■ Com Marcos Veras, George Sauma, Laila Garin, Wendell Bendelack, Leo Bahia e grande elenco, ‘Alguma Coisa Podre’ fica em cartaz até o dia 5 de maio no Teatro Casa Grande, no Leblon, Zona Sul do Rio, com sessões quintas e sextas às 20h30, sábados às 19h30 e domingos, às 17h30. A classifica­ção é de 14 anos. Os ingressos custam a partir de R$ 25 (meia) e estão disponívei­s no site da Eventim.

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