Para ex-presidente da estatal, afirmações são ‘mentirosas’
Gabrielli, Odebrecht e defesa de Cerveró colocam em dúvida acusações feitas por novo delator da Lava jato
O ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli repudia com veemência qualquer ilação de que a aquisição da refinaria de Pasadena serviria para “honrar compromissos políticos” ou que teria o interesse de direcionar o projeto de Revamp à Odebrecht, conforme afirma o engenheiro Agosthilde Mônaco.
“As afirmações são mentirosas. Se alguém se locupletou com operações fraudulentas relacionadas com a aquisição, que pague por seus erros, depois das investigações policiais e o devido processo legal. Se houve comportamento inadequado de al- guns, que se cumpra a lei”, afirma Gabrielli. “As delações premiadas destes corruptos confessos não trazem acusações diretas nem apresentam provas contra a minha pessoa, sempre se referindo a mim por ‘ouvir dizer’ de terceiros. É uma irresponsabilidade que atenta contra a verdade e que, sem dúvida, não se sustenta perante a Justiça.”
Odebrecht. Em nota, o Grupo Odebrecht afirma que “a citação ao nome da Odebrecht foi feita por um delator, fazendo
‘Irresponsabilidade’ menção a uma suposta afirmação de um ex-diretor da Petrobrás, que, por sua vez, teria sido baseada em suposta frase atribuída ao ex-presidente da estatal”. “Em 2006, procurada pela Petrobrás sobre interesse em ser uma das empresas responsáveis pela modernização da planta localizada nos EUA, a Odebrecht, que atua naquele país desde 1990, manifestou interesse em prestar o serviço preferencialmente em consórcio com outra empresa do setor, como é de praxe e autorizado pela Petrobrás. Apesar do interesse demonstrado pela empresa, a Petrobrás acabou não dando prosseguimento ao processo e nenhuma obra nesse sentido foi realizada à época”, diz a nota.
Para o advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, “as declarações dos delatores devem ser analisadas com reservas”. “É público e notório que só aqueles que delatam ficam livres. A utilização sistemática de prisões preventivas como método para obtenção de delações premiadas induz os acusados a preferir a liberdade imediata do que contestar as acusações. Portanto, não podemos aceitar como verdadeiro tudo que se declara”, afirma Ribeiro.
O advogado James Walker, que defende o ex-gerente executivo da área internacional da Petrobrás Roberto Gonçalves, admite que seu cliente participava “tecnicamente” dos contratos da empresa com refinarias, mas que não sabia os motivos pelos quais Gonçalves foi preso. “Os mandados relativos a todas as pessoas são genéricos, precisamos ter acesso à denúncia para nos pronunciarmos”, diz.