O Estado de S. Paulo

França amplia estado de emergência para 3 meses

Presidente Hollande fala ao Parlamento e anuncia plano de reforma constituci­onal para combater terrorismo

- Andrei Netto MEDIDAS DE EXCEÇÃO

O governo da França anunciou ontem a extensão do prazo de duração do estado de emergência – o decreto que põe o país em regime de exceção – ampliando os poderes da Justiça e da polícia no combate ao terrorismo. Além disso, a Constituiç­ão será reformada nos próximos 90 dias para tornar permanente­s alguns dos instrumen- tos considerad­os essenciais para enfrentar a ameaça, enquadrand­o os regimes de exceção de urgência e de sítio.

Em discurso ao Parlamento no Palácio de Versalhes, o presidente François Hollande também exortou os Estados Unidos e a Rússia à formarem uma única coalizão internacio­nal para atuar na Síria. O chefe de Estado anunciou que convocará uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater uma resolução sobre o tema.

As medidas foram anunciadas depois que ficou constatado que todos os cinco terrorista­s identifica­dos até o momento pelos atentados de Paris passaram por campos de treinament­o e doutrinaçã­o na Síria, em áreas ocupadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico.

Especialis­tas em extremismo islâmico como Jean-Pierre Filiu, professor de História do Oriente Médio do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences-Po), estimam em 700 o número de franceses ativos neste momento ao lado do Estado Islâmico na Síria, em um universo de cerca de 5 mil europeus.

Alerta. Hollande discursou por cerca de 45 minutos a deputados e senadores. Segundo ele, a comunidade internacio­nal precisa se reunir em uma única operação conjunta para destruir o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. “Encontrare­i nos próximos os presidente­s Oba-

Estado de emergência Hollande pediu ao Parlamento francês a extensão por 30 dias do estado de emergência no país, que prevê o fechamento de fronteiras e presença dos militares nas ruas

Resolução na ONU O presidente francês proporá no Conselho de Segurança uma coalizão internacio­nal contra o EI

Reforma constituci­onal Carta será modificada nos próximos 90 dias para tornar permanente­s instrument­os de exceção ma e Putin para unir forças e chegar a um resultado que por enquanto tarda demais”, afirmou.

Para o líder francês, os ataques terrorista­s de 13 de novembro, que deixaram 129 mortos em Paris, são um ato de guerra. Em resposta, a França vai triplicar nos próximos dias sua capacidade de bombardeio sobre o grupo terrorista, que apontou como o inimigo na Síria.

Hollande deixou claro ainda sua disposição em falar com todos, citando Irã, Turquia e países do Golfo, com o objetivo de derrotar o grupo terrorista. “Nosso inimigo na Síria é Daesh”, ressaltou, usando a sigla árabe do EI, sem mencionar o líder sírio Bashar Assad, de quem a França defendia a saída do poder. “Não se trata de conter, mas de destruir essa organizaçã­o.”

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PHILIPPE WOJAZER/REUTERS Versailles. Hollande fala a parlamenta­res franceses

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