Obama defende estratégia e rejeita enviar tropas à Síria
Terrorismo domina discussões na cúpula das 20 maiores economias do mundo; grupo pede um controle mais rígido nos aeroportos
O terrorismo dominou as discussões na reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo na Turquia, mas o encontro terminou com poucas ações efetivas. Líderes globais concordaram em reforçar a ação contra o Estado Islâmico (EI), mas não foram anunciadas iniciativas para mudanças mais profundas na estratégia militar.
O presidente dos EUA, Barack Obama, negou que haja planos para o envio de tropas e rechaçou a avaliação de que a estratégia usada atualmente seja equivocada. Mesmo com a morte de 129 pessoas em Paris, Obama rejeitou a análise de que a ação militar contra o Estado Islâmico precise ser alterada.
“Nós temos a estratégia correta e vamos perseverar”, disse Obama em entrevista coletiva após o fim da cúpula do G-20. Obama qualificou o grupo como “a face do mal” durante a reunião na Turquia.
Com a reafirmação da estratégia militar, o presidente americano rejeitou a avaliação de alguns especialistas que defendem o envio de tropas para combater o grupo responsável pelos ataques na França. Os EUA têm atuado contra o EI apenas com ataques aéreos.
Nos dias que antecederam os atentados em Paris, os EUA até acentuaram o ritmo das ações especialmente contra instalações ligadas ao petróleo usadas pelos terroristas. No entanto, não haverá envio de tropas porque a Casa Branca entende que há muitos riscos envolvidos.
Obama reafirmou que a intenção dos EUA é destruir essa “bárbara organização terrorista”. O plano, porém, não prevê o fim imediato do grupo terrorista. “Nós sempre entendemos que isso será uma campanha de longo prazo”, disse, ao comentar que a estratégia passa por poder militar, inteligência, desenvolvimento econômico e fortalecimento das comunidades locais.
“Haverá revezes e haverá sucessos. Os terríveis eventos em Paris obviamente foram um terrível e revoltante revés”, disse Obama, ao reforçar que “avanços estão sendo feitos”.
A estratégia americana recebeu aval de outros países. A ação aérea dos EUA foi reafirmada em um encontro de Obama
Vitória com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e o ministro de Relações Exteriores francês, Laurent Fabius. Os cinco países reafirmaram o apoio ao plano para o estabelecimento de uma nova estrutura de governo na Síria em um prazo de 6 meses e eleições em 18 meses.
Financiamento. Após o encontro de cúpula, o G-20 reconheceu que o avanço das organizações terroristas “colocam em perigo esforços para fortalecer a economia global”. Por isso, o grupo emitiu um comunicado especial sobre o terrorismo com diretrizes para tentar impedir o avanço do terror por meio do controle mais duro em aeroportos e do fortalecimento de recursos contra o financiamento aos grupos terroristas.
Também no G-20, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou com os jornalistas russos e apontou que o comércio ilegal de petróleo e derivados é um dos canais de financiamento do EI. “Eu mostrei aos outros líderes fotos tomadas do espaço e de aeronaves que claramente demonstram a escala do comércio ilegal”, disse Putin, que também mostrou dados que mostram como unidades do grupo terrorista são financiadas de maneira pulverizada por pessoas físicas, inclusive de países que compõem o G-20.