O Estado de S. Paulo

EI divulga vídeo ameaçando atacar Washington

Grupo afirma que americanos passarão por ‘um dia semelhante’ ao que os franceses estão passando; autoridade­s dos EUA não veem sinais de atentado

- Cláudia Trevisan

O Estado Islâmico (EI) planeja a execução de outros atentados depois do ataque que atingiu Paris na noite de sexta-feira, disse ontem o diretor da Agência Central de Inteligênc­ia (CIA) americana, John Brennan. O temor foi reforçado após a divulgação de um vídeo, ontem, em um site usado pela organizaçã­o, no qual um combatente ameaça atingir os EUA e seu centro de poder, Washington.

“Eu antecipari­a que essa não é a única operação que o ISIL tem em fase de preparação”, declarou Brennan na manhã de ontem em um evento na capital americana, usando outra sigla pela qual o EI é conhecido. “Neste momento, serviços de segurança na Europa e em outros lugares estão trabalhand­o febrilment­e para ver o que podem fazer para detectar isso.”

Apesar da preocupaçã­o e do vídeo ameaçador, autoridade­s americanas afirmaram que os serviços de inteligênc­ia não possuem nenhuma informação que aponte para o risco iminente de atentados no país.

O diretor da CIA afirmou que ainda não tem confirmaçã­o de que o EI foi responsáve­l pelos atentados de Paris, mas observou que a operação tem “todas as marcas” da organizaçã­o. “Está claro para mim que o ISIL tem uma agenda externa, que eles estão determinad­os a realizar esse tipo de ataques.”

Segundo Brennan, os atentados de Paris não surpreende­ram os serviços de inteligênc­ia dos Estados Unidos, que já haviam alertado sobre planos do EI de atingir regiões fora do Oriente Médio – em particular, a Europa. O grupo terrorista ampliou nos últimos meses seus ataques fora da Síria e do Iraque.

Brennan usou os atentados para criticar de maneira indireta Edward Snowden, ex-funcionári­o americano que no ano passado divulgou documentos que detalhavam a operação dos serviços de inteligênc­ia dos EUA e o monitorame­nto de comunicaçõ­es pela Agência de Segurança Nacional (NSA).

O diretor da CIA disse que “revelações não autorizada­s” permitiram que grupos extremista­s adotassem medidas para proteger suas comunicaçõ­es, dificultan­do o trabalho dos agentes de inteligênc­ia.

Gravação. O vídeo com novas ameaças foi divulgado por um braço do Estado Islâmico no Ira- que. Depois de imagens de Paris nos momentos posteriore­s aos atentados e do presidente François Hollande condenado o massacre, um homem com barba e turbante afirma que outras nações enfrentarã­o tragédias semelhante­s.

“Nós dizemos aos países que participam da campanha dos cruzados: juramos que vocês vão experiment­ar um dia semelhante ao que a França experiment­a. Da mesma maneira que atingimos a França em seu coração, em Paris, juramos que vamos atingir a América em seu coração, Washington”, disse um homem identifica­do no vídeo como Al Karar, o Iraquiano.

Outro extremista, identifica­do como Al Ghareeb, o Argelino, faz ameaças à Europa no mesmo vídeo, que tem duração de 11 minutos. “Digo para os países europeus que nós estamos chegando, chegando com armadilhas e explosivos, chegando com vestes suicidas e silenciado­res e vocês não serão capazes de nos deter, porque hoje nós somos muito mais fortes do que antes.

Os EUA lideram a coalizão criada no fim do ano passado para combater o EI. A França é um dos integrante­s do grupo, que tem a participaç­ão de quase 60 países.

Escalada. Os ataques de Paris na sexta-feira mostraram que o grupo extremista sunita tem capacidade de atuar muito além das fronteiras de seu autoprocla­mado “califado”, que ocupa partes dos território­s da Síria e do Iraque. Antes de atingir a capital francesa, o grupo já havia realizado atentados no Oriente Médio e no Norte da África.

Na semana passada, o EI reivindico­u a autoria de dois ataques suicidas que deixaram mais de 40 mortos em Beirute, no Líbano. A organizaçã­o diz que também foi responsáve­l pela derrubada de um avião de passageiro­s russo no Sinai, no Egito, no fim de outubro.

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WIN MCNAMEE/AFP Brennan. Diretor da CIA não vê ‘perigo iminente’, apesar de ameaças dos extremista­s

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