O Estado de S. Paulo

Vale diz que seguro não cobre nem multa dada pelo Ibama

Diretor vê estrutura pronta, mas afirma que retomada de atividade mineradora dependerá da sociedade civil

- Mariana Durão Vinicius Neder

O seguro de responsabi­lidade civil da Samarco é insuficien­te para cobrir as indenizaçõ­es e multas ambientais, admitiu o di- retor executivo de Finanças da Vale, Luciano Siani. O montante a ser pago a título de reparação foi apontado pelo executivo como “a grande incógnita para o futuro da empresa”.

Sem abrir os valores de cobertura do seguro da Samarco, o executivo destacou que são expressivo­s apenas em relação ao risco operaciona­l, envolvendo danos materiais e interrupçã­o de negócios. “Em relação à responsabi­lidade civil, o seguro é bem inferior à multa que o Iba- ma aplicou”, disse Siani, em teleconfer­ências com investidor­es do mercado financeiro. O órgão ambiental federal multou a Samarco em R$ 250 milhões após o acidente.

A Vale destacou que a prioridade no curto prazo é mitigar os “graves efeitos” do acidente, com foco em várias frentes, como a “realocação das pessoas e os danos ambientais”. Uma consultori­a foi contratada pela Samarco para elaborar um plano de remediação. Embora tenha dito que Vale e BHP vão prestar o apoio necessário para que a empresa controlada por elas possa reerguer-se, o executivo manteve a estratégia de desvincula­r a Vale da Samarco, afir- mando que, na esfera civil e ambiental, ela é “uma empresa independen­te, com patrimônio próprio para responder às autoridade­s”.

O discurso da Vale é que a sociedade civil, incluindo comunidade­s locais e as autoridade­s, é que definirão quando a Samarco terá condições de retomar as atividades. Siani preferiu não estabelece­r um prazo, explicando que, do ponto de vista operaciona­l, isso seria possível em tempo relativame­nte curto, uma vez que, à exceção das barragens, as instalaçõe­s, como pelotizado­ras, porto, mina e o mineroduto da companhia, foram preservada­s. “O obstáculo para que a Samarco volte a operar está mais ligado às discussões com a sociedade do que a meios técnicos”, disse Siani, reconhecen­do que a limpeza completa do Rio Doce poderá levar “vários anos”.

Lama. Ontem, a Vale foi alvo de protestos na frente da sede, no centro do Rio. Cerca de 150 manifestan­tes, conforme cálculos da Polícia Militar, jogaram lama nos vidros do prédio.

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