O Estado de S. Paulo

USP pode ganhar Bom Prato em troca de inclusão

Governo negocia com as estaduais reforço na verba de permanênci­a estudantil, em busca de esforço maior em ter alunos da rede pública

- Victor Vieira

ções de se manter”, diz Márcio França, vice-governador e secretário de Desenvolvi­mento, Ciência e Tecnologia, pasta a que estão ligadas as universida­des. “O Estado tem de assumir isso ( a manutenção do aluno). A universida­de tem é de ensinar”, acrescenta.

Ainda não há definições sobre o valor ou o total de bolsas nem sobre a construção de unidades Bom Prato. França pediu aos reitores que apresentas­sem as demandas e sugestões ainda em 2015, com o objetivo de colocar a ideia em prática já no ano que vem. Alunos das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) também devem ganhar auxílio.

A proposta também é uma tentativa de ponte com grupos da comunidade universitá­ria tradiciona­lmente contrários ao governo. “Seria uma aproximaçã­o com o movimento estudantil”, afirma o vice-governador. Inclusão. A taxa de 50% de calouros da rede pública em 2017 seria um norte, mas não uma obrigação, de acordo com França. A Unicamp já trabalha com esse objetivo. USP e Unesp calculam atingir esse patamar apenas em 2018.

O reitor da Unesp, Júlio Cezar Durigan, no entanto, cogita até antecipar a meta. “Se esse repasse (para permanênci­a) for suficiente, podemos colocar a cota de 50% em 2017”, afirma.

Pelo cronograma da Unesp, no vestibular deste ano 35% das vagas vão para a rede pública. Em 2017, seriam 45%. “Fizemos de modo escalonado porque sabíamos que seria difícil absorver esses alunos”, explica Durigan. Nos cálculos da reitoria, a inserção desses calouros, entre 2014 e 2018, significa uma demanda extra de R$ 50 milhões.

A Unesp foi a única a aprovar as cotas para candidatos da rede pública, com reserva para pretos, pardos e indígenas proporcion­al ao registrado na população paulista. USP e Unicamp usam bônus na nota do vestibular para esses dois públicos. Em 2012, Alckmin havia proposto a adoção de cotas nas três, mas o plano não avançou. Já as 63 universida­des federais foram obrigadas, por lei, a adotar 50% de cotas até 2016.

Para Marco Antonio Zago, reitor da USP, a proposta também alivia as responsabi­lidades de gestão. “Restaurant­es e creches, que não são tipicament­e de gestão da educação, poderiam ser feitos de outras formas”, defende ele, também presidente do conselho de reitores das universida­des estaduais. “Assim, poderíamos nos dedicar mais ao ensino, à pesquisa.”

Sobre as metas de inclusão, Zago afirma que mudanças dependerão do resultado do próximo vestibular. Neste ano, a USP adotou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para preencher parte das vagas, a maioria reservada a alunos da escola pública. “Minha expectativ­a é de que o número de unidades que aderiram ao Enem aumente”, diz. “E a discussão sobre cotas não está afastada.”

Em nota, a Unicamp classifico­u a ideia como “positiva”. Disse ainda que essa medida ajudaria o caixa das universida­des.

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JOSE PATRICIO/ESTADÃO Câmpus Butantã. Reitor vê alívio em responsabi­lidades

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