USP pode ganhar Bom Prato em troca de inclusão
Governo negocia com as estaduais reforço na verba de permanência estudantil, em busca de esforço maior em ter alunos da rede pública
ções de se manter”, diz Márcio França, vice-governador e secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, pasta a que estão ligadas as universidades. “O Estado tem de assumir isso ( a manutenção do aluno). A universidade tem é de ensinar”, acrescenta.
Ainda não há definições sobre o valor ou o total de bolsas nem sobre a construção de unidades Bom Prato. França pediu aos reitores que apresentassem as demandas e sugestões ainda em 2015, com o objetivo de colocar a ideia em prática já no ano que vem. Alunos das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) também devem ganhar auxílio.
A proposta também é uma tentativa de ponte com grupos da comunidade universitária tradicionalmente contrários ao governo. “Seria uma aproximação com o movimento estudantil”, afirma o vice-governador. Inclusão. A taxa de 50% de calouros da rede pública em 2017 seria um norte, mas não uma obrigação, de acordo com França. A Unicamp já trabalha com esse objetivo. USP e Unesp calculam atingir esse patamar apenas em 2018.
O reitor da Unesp, Júlio Cezar Durigan, no entanto, cogita até antecipar a meta. “Se esse repasse (para permanência) for suficiente, podemos colocar a cota de 50% em 2017”, afirma.
Pelo cronograma da Unesp, no vestibular deste ano 35% das vagas vão para a rede pública. Em 2017, seriam 45%. “Fizemos de modo escalonado porque sabíamos que seria difícil absorver esses alunos”, explica Durigan. Nos cálculos da reitoria, a inserção desses calouros, entre 2014 e 2018, significa uma demanda extra de R$ 50 milhões.
A Unesp foi a única a aprovar as cotas para candidatos da rede pública, com reserva para pretos, pardos e indígenas proporcional ao registrado na população paulista. USP e Unicamp usam bônus na nota do vestibular para esses dois públicos. Em 2012, Alckmin havia proposto a adoção de cotas nas três, mas o plano não avançou. Já as 63 universidades federais foram obrigadas, por lei, a adotar 50% de cotas até 2016.
Para Marco Antonio Zago, reitor da USP, a proposta também alivia as responsabilidades de gestão. “Restaurantes e creches, que não são tipicamente de gestão da educação, poderiam ser feitos de outras formas”, defende ele, também presidente do conselho de reitores das universidades estaduais. “Assim, poderíamos nos dedicar mais ao ensino, à pesquisa.”
Sobre as metas de inclusão, Zago afirma que mudanças dependerão do resultado do próximo vestibular. Neste ano, a USP adotou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para preencher parte das vagas, a maioria reservada a alunos da escola pública. “Minha expectativa é de que o número de unidades que aderiram ao Enem aumente”, diz. “E a discussão sobre cotas não está afastada.”
Em nota, a Unicamp classificou a ideia como “positiva”. Disse ainda que essa medida ajudaria o caixa das universidades.