El Niño pode ser o mais forte da história, dizem meteorologistas
Alerta foi dado pela OMM ontem; estudo do Inpe, que será divulgado hoje, prevê período de fortes tempestades no Sudeste
Temporais deverão atingir a Região Sudeste do País com mais impacto neste verão, graças à intensidade extrema do El Niño, que teve início em julho. A conclusão é de uma pesquisa feita pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada hoje.
Também ontem, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU, divul- gou que o El Niño se fortalecerá antes do fim do ano e poderá se tornar o mais forte já registrado. Segundo a OMM, este El Niño já é “forte e maduro” e o mais intenso dos últimos 15 anos. As ocorrências mais intensas do fenômeno foram registradas em 1973, 1983 e 1998.
De acordo com o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior, já se sabia que nos anos de El Niño a tendência é que a quantidade de raios e tempestades aumente no Sul e diminua no Nordeste e Norte. Mas o Sudeste fica numa região de transição, na qual é difícil fazer previsões. “Nosso estudo mostrou que essa região de transição se moverá para o norte e o aumento de tempestades, que em anos de El Niño fica restrito ao Sul,
desta vez acontecerá em toda a região que vai do Rio Grande do Sul até Brasília e a divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso”, disse Pinto Junior.
O novo estudo se baseou em resultados observacionais da frequência de tempestades registrada desde 1950 nas estações de medição situadas em aeroportos brasileiros. “Para o verão de 2016, o estudo prevê um aumento na ocorrência de tem- pestades em relação ao último verão: 20% a mais nas Regiões Sul e Sudeste e 10% a mais no Centro-Oeste.”
Raios. Os dados da Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDAT) do último trimestre (agosto, setembro e outubro), já sob efeito do El Niño, confirmam a tendência. “Tivemos, nos últimos três meses, aumento de raios de 60% na Região Sul e de 52% no Sudeste. Isso indica que o efeito desse El Niño extremo já está sendo sentido no Sudeste”, explicou Pinto Junior.
No Sudeste, nos últimos três meses foram registradas 480 mil descargas elétricas atingindo o solo, ante 310 mil no mesmo período de 2014, um aumento de 52%. “Se os raios aumentaram no Sudeste e o número de tempestades subiu 20%, isso sugere que o El Niño não apenas está aumentando a frequência das tempestades, mas sua intensidade”, disse.