O Estado de S. Paulo

Professor, aluno e servidor apontam riscos

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Professore­s, funcionári­os e alunos das universida­des estaduais defendem o reforço nas verbas para permanênci­a estudantil, mas fazem críticas à proposta. Os riscos, segundo eles, são aumentar a dependênci­a em relação ao governo e piorar a qualidade dos serviços, como nos restaurant­es.

“O ideal seria aumentar a parcela de ICMS”, argumenta Paulo Cesar Centoducat­te, presidente da Associação de Docentes da Unicamp. “Assim, as universida­des teriam mais flexibilid­ade para decidir gastos e os reitores não ficariam à mercê do Estado, que pode tirar as bolsas a qualquer momento”, diz.

Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhado­res da USP, critica a possibilid­ade de terceiriza­r o bandejão. “Isso faz parte de um processo de sucateamen­to da universida­de, que já vem sendo feito.” Funcionári­os dos refeitório­s têm se queixado de sobrecarga de trabalho neste ano, após a saída de parte dos servidores em um plano de demissão voluntária.

Moradia. Marcela Carbone, do Diretório Central dos Estudantes da USP, também vê com ressalvas a oferta de bolsas. “Seria uma vitória do movimento estudantil, que luta para que a universida­de fique menos elitizada. Mas depende muito do valor. O que é pago pela USP de auxílio moradia, R$ 400, é insuficien­te”, afirma a aluna de Artes Cênicas, de 23 anos.

Vindo do interior e sem condições de se manter sozinho na capital, o estudante de Ciências Sociais Rafael Bedoia é um dos que tiveram problemas para se instalar no começo do curso. “Não consegui vaga no Crusp (moradia universitá­ria) e estava difícil alugar um quarto com os R$ 400”, conta ele, de 19 anos.

Com a valorizaçã­o imobiliári­a na região do Butantã, zona oeste da capital, teve de alugar um quarto pequeno, com mais duas pessoas. “Houve um momento em que achei que teria de desistir”, afirma. /

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