Justiça barra fechamento de unidade de Santos
O Tribunal de Justiça (TJ-SP) barrou o fechamento da Escola Estadual Braz Cubas, em Santos, uma das 93 da lista do governo do Estado de unidades que serão desativadas com a reorganização da rede. A decisão, ainda em caráter liminar, é a primeira a reverter a medida anunciada pela Secretaria de Educação do Estado, que disse ainda não ter sido
a mudança. “Não vamos permitir que as crianças de 10, 11 anos que hoje estudam na Fidelino sejam transferidas por uma política absurda e que não se justifica, e muito menos que fiquem expostas à violência social que a falta de uma política pública produz naquela região.” notificada.
O desembargador Pinheiro Franco aceitou os argumentos da Defensoria Pública e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção de Santos, de que o fechamento da unidade, sem prévia discussão com a comunidade, “é uma atitude precipitada e não atende ao melhor interesse dos alunos nem da educação”.
Ele também destacou que não foi dada a oportunidade para a escola traçar um novo plano pedagógico para atrair novos alunos e evitar a evasão escolar.
Protesto. Os portões da João Kopke ficaram trancados com grades e cadeado durante o dia. Os alunos decidiram em assembleia ocupar o colégio até que a mudança fosse revertida.
Por volta das 14 horas, parte dos estudantes bloqueou a Alameda Cleveland e entrou em um bate-boca com policiais militares que tentavam manter o fluxo de carros na região.
Frequentadora da cracolândia há um ano, Benedita Pereira de Souza, de 45 anos, chegou ao colégio para oferecer ajuda aos alunos. Ela foi ao local acompanhada do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral dos Povos de Rua, para entregar comida e cobertores aos manifestantes. “Vim apoiar a luta deles. Eu tive cabeça fraca e não estudei quando deveria. Eles precisam estudar em escola boa, senão vão parar na cracolândia, como eu.”
O ato também teve apoio de professores do colégio. “É uma desorganização. Essa escola é a única referência de ensino médio que eles têm na região. Querem mandar os alunos para Santa Cecília, mas eles moram aqui”, disse a professora de História Maria Aparecida Gomes da Silva, de 53 anos. “Estamos apoiando o movimento deles”, afirmou a professora de Português Andreia Cristina Gonçal-
ves, de 43 anos.
Protestos. Além das ocupações feitas por estudantes, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tem participado dos protestos desde sexta-feira. Ontem, o movimento estava em seis unidades. Gabriel Simeone, da coordenação do MTST, disse que o movimento deve promover novas ocupações nos próximos dias.
Além das escolas da Grande São Paulo, cerca de 30 alunos ocuparam a Escola Estadual Prefeito Mario Avesani, em Santa Cruz das Palmeiras, a 250 km de São Paulo. A unidade deixará de ter ensino médio no próximo ano e os cerca de 300 alunos do ciclo serão transferidos para uma escola no centro da cidade.