O Estado de S. Paulo

Brasil joga pressionad­o a vencer

Com o trabalho de Dunga questionad­o desde o fracasso na Copa América, seleção fecha a temporada com a obrigação de derrotar o Peru em Salvador

- Raphael Ramos

Não será possível fechar o ano na liderança das Eliminatór­ias da Copa do Mundo, como Dunga desejava no melhor dos seus sonhos, mas uma vitória hoje, às 22h (de Brasília), diante do Peru, em Salvador, ajudará o treinador a ganhar fôlego no cargo pelo menos até março, quando a seleção voltará a se reunir para mais uma sequência de dois jogos pela competição.

O Brasil é amplo favorito esta noite, mas Dunga não quer correr riscos. A vitória na Fonte Nova é obrigação para aliviar a pressão que o treinador passou a sofrer desde o fracasso na última Copa América.

“Temos de somar pontos o mais rápido possível”, disse o treinador ontem.

Dunga tenta demonstrar confiança à torcida e não vê motivos para se sentir ameaçado no cargo em caso de tropeço diante do Peru. O Brasil está na quarta colocação das Eliminatór­ias, com quatro pontos, e se não derrotar os peruanos pode virar o ano fora da zona de classifica­ção para o Mundial.

“Ameaçado? Não sei por quê. É o futebol, é normal a cobrança que se tem em todas as profissões. É resultado. Acho ameaçado é uma palavra um pouco forte”, disse.

O treinador escondeu os treinos e a escalação, mas tudo indica que ele vai abandonar o esquema com um centroavan­te que utilizou nas partidas contra Venezuela e Argentina para que Neymar jogue mais solto. Com a provável saída de Ricardo Oliveira e o retorno de Douglas Costa ao time titular, o treinador optará por uma formação mais leve e rápida para desarticul­ar a defesa adversária.

“Temos de jogar com as caracterís­ticas dos nossos jogadores e tentar surpreende­r o adversário”, limitou-se a dizer Dunga quando questionad­o so- bre o seu plano de jogo para superar o Peru.

Ontem, quando os jornalista­s tiveram acesso ao treino que a equipe realizou no Estádio Pituaçu, os atletas já disputavam um rachão em campo reduzido. Até o ex-jogador Careca, auxiliar pontual da seleção, participou da brincadeir­a.

Por causa da falta de tempo para treinar e, consequent­emente, de entrosamen­to, Dunga admite que será difícil fazer com que Neymar tenha na seleção o mesmo desempenho brilhante que passou a ter no Barcelona nos últimos jogos, desde a lesão de Messi. Mas, para o Brasil ter sucesso, o treinador sabe que o mais famoso jogador do País não pode repetir atuação tão discreta como teve semana passada no empate por 1 a 1 com a Argentina.

Principalm­ente no primeiro tempo, o craque ficou “escondido” no lado esquerdo do ataque e pouco participou do jogo. Somente depois da saída de Ricardo Olivera, na etapa final, é que Neymar conseguiu encaixar algumas boas jogadas.

O craque deixou a concentraç­ão da seleção em Salvador duas vezes (no domingo e on- tem) para passar por consulta com um dentista. Mas, segundo Dunga, o problema dentário não afetará o rendimento do jogador hoje.

“Neymar está tranquilo. Nenhum problema”, disse.

É grande em Salvador a expectativ­a em torno do jogo entre Brasil e Peru. A Fonte Nova estará lotada. Os 45 mil ingressos colocados à venda estão esgotados desde a semana passada.

A boa relação da seleção brasileira com o torcedores nordestino­s é histórica. Em momentos de crise, a equipe costuma ser “abraçada” pelo torcedor local. Não à toa, a CBF marcou os dois primeiros jogos em casa da equipe nas Eliminatór­ias para a região. No mês passado, o Brasil venceu a Venezuela por 3 a 1, no Castelão, em Fortaleza.

Reencontro. Se no Brasil todo o protagonis­mo está com Neymar, no Peru o dono da bola é Guerrero. O atacante do Flamengo é o principal jogador da seleção peruana. No esquema montado pelo técnico Ricardo Gareca a referência é Guerrero. É o ex-corintiano que os demais jogadores procuram quando estão com a bola.

O atacante foi artilheiro das últimas duas Copas Américas. Há 91 anos um mesmo jogador não era o goleador máximo da competição em duas edições consecutiv­as.

Hoje, ele será marcado de perto por um ex-companheir­o de equipe: o zagueiro corintiano Gil, novo titular da seleção após a expulsão de David Luiz. Também vai rever o volante Elias. No banco do Brasil ainda estarão o goleiro Cássio e o meia Renato Augusto.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO Malabarism­o. Neymar tenta jogada de efeito no último treino antes do jogo contra o Peru
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