O Estado de S. Paulo

Em Londres, um jogo contra o terrorismo

Inglaterra e França disputarão um amistoso carregado de emoção. Já Bélgica x Espanha é cancelado sob tensão

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O aspecto esportivo, de servir como preparação de duas seleções de ponta para a Eurocopa do ano que vem, ficará em segundo plano no amistoso que Inglaterra e França disputarão hoje no Wembley Stadium. Os ingleses jogarão para mostrar apoio à nação vizinha, abalada pelos ataques terrorista­s ocorridos sextafeira em Paris. E os franceses vão a campo para deixar claro que o país está de pé e não se curvará ao terrorismo. “Vamos mostrar ao mundo que temos orgulhos de ser franceses”, disse o técnico Didier Deschamps.

A decisão de não cancelar o amistoso foi tomada sábado de manhã. As autoridade­s da Inglaterra entraram em contato com os franceses para saber se eles queriam jogar, e disseram que se a resposta fosse afirmativa garantiria­m a segurança da delegação. A Federação Francesa de Futebol respondeu que o time queria jogar, porque desistir seria uma derrota diante do terrorismo. E a partir dali os ingleses começaram a cuidar do plano de segurança.

A delegação francesa desembarco­u em Londres no fim da tarde, sob grande proteção. Ohotel em que o time se hospedou está blindado, e hoje haverá um reforço no esquema de escolta da equipe para o estádio.

Segundo o comandante da operação, Peter Terry, haverá uma revista minuciosa dos torcedores na entrada de Wembley (são esperadas 70 mil pessoas). Por isso, as autoridade­s ingleses pedem aos torcedores que cheguem cedo. Terry conclama o público a colaborar com o trabalho policial. “Queremos que as pessoas que vão ao jogo sejam nossos olhos e nossos ouvidos, e nos alertem se virem ou ouvirem algo suspeito.”

No campo das homenagens, além do tradiciona­l minuto de silêncio haverá duas especiais: o arco que atravessa o estádio de uma extremidad­e à outra exibirá as cores da bandeira francesa, e os telões mostrarão a letra do hino francês para que os ingleses ajudem a cantá-lo a plenos pulmões.

Em campo estará um jogador que perdeu uma pessoa próxima nos atentados de sexta-feira: o meio-campista Lass Diarra, que teve uma prima assassinad­a pelos terrorista­s.

Tensão em Bruxelas. O amistoso entre Bélgica e Espanha foi suspenso horas antes de sua rea- lização, marcada para hoje, em Bruxelas, por causa do alto risco de atentados terrorista­s no país. O nível de ameaça foi aumentado de grau 2 para 3 depois que surgiram indícios que Salah Abdeslam, único sobreviven­te dos atentados que mataram mais de 120 pessoas na França, poderia voltar a atacar.

Depois de se reunirem com o governo local, representa­ntes das federações da Bélgica e da Espanha decidiram não participar do encontro, apesar das medidas extraordin­árias de segurança que estavam sendo tomadas. Pessoas suspeitas de participaç­ão nos ataques de sextafeira foram presas na capital belga, e o terrorista Salah Abdeslam está sendo procurado em todo o país (veja mais informaçõe­s nas páginas A9 até A15).

“Lamentamos profundame­nte que um amistoso de duas equipes motivadas seja cancelado tão tardiament­e e percebemos o tristeza de muitos torcedores. Levando em conta as circunstân­cias excepciona­is, não podemos correr qualquer risco de segurança para os jogadores e o público”, informou a Federação Belga de Futebol.

Em Hannover, a Alemanha receberá a Holanda. A chanceler Angela Merkel verá a partida no estádio acompanhad­a por vários ministros, num gesto de solidaried­ade ao povo francês – a seleção alemã enfrentou a França sexta-feira no Stade de France enquanto os ataques ocorriam em Paris. “O terrorismo não nos intimidará”, disse um porta-voz do governo.

A Irlanda se tornou ontem a segunda seleção a se classifica­r na repescagem para a fase final da Eurocopa, que será disputada no meio do ano que vem na França – a primeira foi a Hungria, que no domingo bateu a Noruega por 2 a 1 em Budapeste. Jogando em casa, os irlandeses derrotaram a Bósnia por 2 a 0. O jogo de ida tinha terminado 1 a 1.

Os dois gols foram marcados por Jonathan Walters, um em cada tempo.

Os dois últimos classifica­dos para a Eurocopa serão definidos hoje nos confrontos Dinamarca x Suécia e Eslovênia x Ucrânia.

A tarefa mais complicada é a da Eslovênia, que perdeu a partida de ida por 2 a 0. A equipe precisa devolver o resultado para levar a partida para a prorrogaçã­o, ou ganhar por três gols de diferença para assegurar a vaga nos 90 minutos. Se levar um gol, terá de marcar quatro.

Em Copenhague, a Suécia jogará pelo empate graças à vitória por 2 a 1 que conseguiu em casa no primeiro duelo. Mas os dinamarque­ses estão confiantes. “Ninguém fica feliz quando perde, mas o gol que marcamos fora de casa nos deixa otimistas”, disse o técnico Morten Olsen.

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HENRY BROWNE/REUTERS Homenagem. Arco do estádio de Wembley recebeu as cores da bandeira da França
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