Japão tem segunda recessão em dois anos
No terceiro trimestre, PIB japonês recuou 0,8%, queda maior que a prevista por analistas, de 0,3%; no segundo trimestre, recuo foi de 0,7%
A economia do Japão entrou em sua segunda recessão em dois anos no período de julho a setembro, à medida que incertezas globais prejudicaram os gastos de empresas e famílias, no último golpe à política que o primeiro-ministro Shinzo Abe vem implementando para tentar recolocar o país asiático numa traje- tória de crescimento sólido. Dados do governo mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) japonês encolheu em ritmo anualizado de 0,8% no trimestre encerrado em setembro, após sofrer queda revisada de 0,7% entre abril e junho. A previsão dos analistas era de queda bem menor, de 0,3%. Do ponto de vista técnico, uma recessão é caracterizada por dois trimestres seguidos de contra- ção econômica.
Desde que Abe assumiu o poder, a economia japonesa registrou declínios em 5 de 11 trimestres, o que demonstra que o crescimento continua frágil, apesar da agressiva política econômica atual, conhecida como “Abenomics”.
Em setembro, Abe anunciou um plano para impulsionar o PIB nominal – ou atividade econômica que desconsidera os efeitos da inflação – em 20% até 2020, garantindo expansão anual de pelo menos 3%. Mas, entre julho e setembro, o PIB nominal do Japão cresceu a um ritmo anualizado de apenas 0,1%.
O último trimestre foi marcado pela desaceleração global, por turbulência nos mercados financeiros da China e por uma forte queda nos preços das commodities. Ainda que o impacto nas exportações japonesas te- nha sido limitado até o momento, muitas empresas locais adiaram investimentos ou reduziram estoques.
Estímulos. Apesar do resultado fraco da economia, a especulação em torno da ação imediata do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês)é de que a autoridade monetária não deve tomar uma atitude até o final do ano.
“É difícil esperar que o BoJ, que provavelmente não é mais preventivo como no ano passado, tome o relatório do PIB como uma razão para afrouxamento”, disse Masamichi Adachi, economista do JP Morgan Securities. “Os detalhes do relatório não são tão ruins, com o consumo e as exportações subindo mais que o esperado.”
Oeconomista-chefe da Nomura Securities, Tomo Kinoshitam, afirmou que é importante que os dados confirmem “uma melhora significativa na demanda final durante o verão”. “Eu não acho que um crescimento negativo possa por si só desencadear qualquer flexibilização adicional”, avaliou.