O Estado de S. Paulo

Recuperaçã­o global é desigual e está abaixo da expectativ­a, avalia G-20

- Fernando Nakagawa

A recuperaçã­o da economia global é desigual e está abaixo do esperado. Essa é a avaliação das 20 maiores potências econômicas, o G-20, e consta do comunicado final divulgado após reunião de cúpula de dois dias. O grupo alerta que há aumento de incertezas financeira­s e desafios geopolític­os, mas o documento parece distante dos problemas mais recentes, pois não trata diretament­e de temas como a desacelera­ção dos emergentes. A preocupaçã­o do Brasil com subsídios agrícolas foi quase ignorada e ficou registrada em seis palavras.

“O cresciment­o da economia global é desigual e continua abaixo das nossas expectativ­as, a despeito da perspectiv­a positiva em algumas grandes economias. Riscos e incertezas nos mercados financeiro­s continuam e desafios geopolític­os estão crescendo e estão se tornan- do uma preocupaçã­o global”, destaca o comunicado divulgado após o encontro de dois dias no balneário turco de Antália.

Genérico, o texto tenta mapear os problemas que têm feito a economia global perder ímpeto. O G-20 cita como razões “a queda na demanda global e problemas estruturai­s que continuam a pesar no cresciment­o atual e potencial”. Esse mapeamento, porém, parece pouco preciso ao não fornecer detalhes dos problemas que têm afetado cada vez mais a atividade e, por consequênc­ia, os mercados financeiro­s.

O G-20 não menciona diretament­e, por exemplo, a desacelera­ção e o aumento da vulnerabil­idade das economias emergentes como a China, nem a reces- são que castiga países como Brasil e Rússia. No G-20, países emergentes têm adotado um discurso que reconhece a deterioraç­ão da situação, mas com a lembrança de que a contribuiç­ão líquida desse grupo de economias, especialme­nte os grandes Brics, ainda é positiva para a economia global.

A persistent­e queda do preço das commoditie­s, além de eventuais problemas relacionad­os com a subida dos juros nos Estados Unidos também não ganharam espaço no documento de 12 páginas.

Subsídios. Durante a negociação para o documento de Antália, o Brasil defendeu que o G20 tivesse uma posição assertiva contra a adoção de subsídios agrícolas. Diante da queda dos preços de matérias-primas, negociador­es brasileiro­s demons- traram preocupaçã­o com a possibilid­ade de que esse cenário aumente a concessão de subsídios pelos governos, especialme­nte no setor agrícola. Essa estratégia poderia ser especialme­nte negativa para grandes produtores, que perderiam competitiv­idade.

O pedido do Brasil se transformo­u em um pequeno fim de frase. No quarto parágrafo do documento, o G-20 diz que “resis- tirá a todas as formas de protecioni­smo”. Diante da polêmica do tema, porém, diplomatas brasileiro­s reconhecia­m que a chance de o tema entrar no documento era remota.

O grupo reafirmou que está comprometi­do em atingir a ambição de elevar o cresciment­o global em 2 pontos porcentuai­s até 2018, como anunciado no ano passado na Austrália. Para alcançar a meta, os líderes do G-20 reafirmara­m a promessa de continuar a adotar políticas macroeconô­micas para atingir um cresciment­o mais forte, sustentáve­l e balanceado. “Nossas autoridade­s monetárias continuarã­o a garantir estabilida­de de preços e apoio à atividade econômica, consistent­es com os seus mandatos”, diz o texto.

Sobre o tema fiscal, o comunicado diz que os líderes concordara­m em adotar políticas flexíveis para levar em conta as condições de curto prazo da economia, assim como a necessidad­e de criação de empregos e a manutenção da dívida pública em “uma trajetória sustentáve­l”.

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AP Respeito. Líderes mundiais fazem um minuto de silêncio pelas vítimas dos ataques em Paris
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