O Estado de S. Paulo

Com privatizaç­ão de aeroportos, suíça Dufry dobra número de lojas no País

- Marina Gazzoni

O cenário econômico é adverso para o mercado de viagens – o consumidor está gastando menos, especialme­nte em dólar, e as companhias aéreas estão cortando voos no Brasil. Mesmo assim, a suíça Dufry, líder mundial no varejo em aeroportos, segue com o seu maior plano de expansão no País. A companhia vai dobrar em menos do um ano o número de unidades. Ela chegará em março do ano que vem com pelo menos 135 lojas, 67 delas inaugurada­s a partir de maio. Além das lojas multimarca­s, a Dufry cresce com espaços exclusivos de grifes como Apple e Mont Blanc nos aeroportos.

Presente no País há cerca de 40 anos, a empresa suíça está aproveitan­do uma janela de oportunida­de para ocupar espaço. “A concessão dos aeroportos foi o grande propulsor desse movimento de expansão. Tivemos a oportunida­de de negociar livremente com a concession­ária o melhor uso do espaço comercial do aeroporto. Com a Infraero, precisamos participar de licitações”, explicou o diretor geral da Dufry no Brasil e na Bolívia, Gustavo Fagundes.

Em função disso, a maior parte das novas lojas será inaugurada nos aeroportos privados. Só em Guarulhos, a empresa inaugurou 13 lojas desde maio e terá mais quatro até março. O novo terminal de Viracopos, que deve estar pronto no início do ano que vem, terá 11 lojas. E o Galeão receberá 15 novas unidades no período. “A expansão faz sentido no médio e longo prazos. Ocupar os melhores pontos co- merciais nos principais aeroportos é uma questão estratégic­a, mesmo em tempos de crise, para evitar a entrada de concorrent­es”, explica Marcos Hirai, sócio da consultori­a BG&H, especialis­ta em projetos de expansão para o varejo.

Além das lojas multimarca­s, a Dufry traz lojas exclusivas de grifes estrangeir­as no formato “duty free”, com isenção de impostos. A companhia já é dona de lojas de bandeiras como Michael Kors e Victoria’s Secret e está procurando novas marcas.

Entre as novas unidades, a que mais cresce é a loja de conveniênc­ias americana Hudson News, comprada pela Dufry em 2008. “A empresa viu que era possível internacio­nalizá-la, e o Brasil é um dos principais paí- ses para isso”, diz Fagundes. A primeira loja Hudson News foi aberta em abril de 2014, em Brasília. Até março, serão inaugurada­s mais 12 unidades, mas a Dufry vê espaço para 50.

Crise. O executivo da Dufry admite que a rede não está imune à crise econômica e sentiu o impacto da alta do dólar na operação brasileira. Na sua divulgação de resultados financeiro­s, a companhia informou que faturou 382,6 milhões de francos suíços (cerca de R$ 1,55 bilhão) entre janeiro e setembro deste ano no Brasil e na Bolívia, volume 25% inferior ao registrado no mesmo período de 2014.

A Dufry desenhou uma estratégia para continuar a vender em tempos de dólar perto de R$ 4. Uma das ações planejadas é abrir lojas também nas áreas de embarque de voos nacionais – nessas, há incidência de impostos nos produtos. “Faz sentido. Com o dólar alto, muitos brasi-

leiros vão trocar voos internacio­nais por nacionais. Os terminais domésticos terão mais pessoas de alta renda e precisam adequar a oferta”, diz o consultor da BG&H.

Nas lojas dos terminais internacio­nais, que vendem em dólar, a Dufry tenta atrair o brasileiro com descontos, especialme­nte nos produtos que são campeões de venda, como o uísque. “Negociamos com os fornecedor­es para oferecer promoções. O consumidor não vai encontrar nada mais barato no mercado”, disse Fagundes. Ele cita como exemplo um pacote com quatro garrafas de uísque Red Label, da Johnnie Walker por US$ 60. Cada unidade sai por menos de R$ 60 no dólar atual – em pesquisa nas varejistas online ontem, o menor preço encontrado pelo Estado foi R$ 79,58.

Outra estratégia é inovar nas prateleira­s. A Dufry é hoje a única varejista que oferece a versão Green Label do uísque da marca Johnnie Walker, diz Fagundes. “É um produto desejado pelo consumidor e encomendam­os uma edição limitada para oferecer as nossas lojas”, afirma o executivo. Outro exemplo são os produtos de tratamento capilar da Kérastase, que, no Brasil, só estão disponívei­s na Dufry ou em salões de beleza.

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FELIPE RAU/ESTADÃO Expansão da oferta. Empresa também vai abrir lojas em terminais de voos domésticos

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