Marriott compra dona do Sheraton por US$ 12 bi
Negócio vai formar maior rede de hotéis do mundo, com um total de 5,5 mil unidades
A cadeia de hotéis Marriott International vai comprar a dona dos hotéis Sheraton, em um acordo de US$ 12,2 bilhões em dinheiro e ações, para criar a maior rede hoteleira do mundo. A companhia combinada terá 5,5 mil unidades – próprias ou franqueadas – e um total de 1,1 milhão de quartos. Com a operação, a Marriott ganhará maior presença em mercados como Europa, América Latina e Ásia, incluindo Índia e China.
Essa internacionalização da Marriott se justifica pelo fato de a Starwood, dona da bandeira Sheraton, arrecadar quase dois terços de sua receita fora dos Estados Unidos. A rede está à venda desde abril, quando admitiu considerar “alternativas estratégicas”. Com a fusão, a rede Marriott deixará para trás a cadeia Hilton, que tem 4,4 mil unidades no mundo e era, até então, a número um do setor, com 720 mil quartos.
O negócio avaliou as ações da Starwood em US$ 72,08 – o que representa um prêmio de 19% em relação a valor em que eram negociadas antes dos primeiros rumores sobre a fusão. O acordo, que teve o auxílio do Citigroup e do Deutsche Bank, deverá ser finalizado em meados do próximo ano.
“Nós estamos no negócio de hotéis há mais tempo, mas a Starwood é mais global do que a Marriott”, disse Arne Sorenson, presidente da Marriott, em comunicado divulgado ontem. “Será bom para nós expandir as possibilidades (de crescimento) ao redor do mundo.”
Antes de fechar com a Marriott, a Starwood havia buscado outras opções, como a rede InterContinental e fundos de private equity, segundo a agência de notícias Reuters. A cadeia Hyatt também teria considerado fazer uma oferta pela rede.
A venda teria sido motivada pelo fato de a Starwood ter um desempenho inferior ao registrado por suas concorrentes. Apesar dos resultados abaixo do ideal, em especial na bandeira Sheraton, a Starwood tem a vantagem de ter uma oferta pul- verizada e também de oferecer hotéis mais modernos, que podem ajudar a Marriott a se conectar ao cliente mais jovem, mais atento a elementos como o design dos quartos e do lobby.
A ação da Starwood fechou em queda de 3,63% ontem, cotadas a US$ 72,27. Já os papéis da Marriott tiveram ontem uma valorização de 1,35%, encerrando o dia a US$ 73,72. Alguns analistas apontaram que o resultado está menos relacionado ao negócio em si, e mais às tensões relativas ao turismo na Europa por causa dos atentados terroristas que mataram mais de cem pessoas em Paris, na última sexta-feira.
Mercado resiliente. Ao contrário do que ocorre atualmente no Brasil, em que o mercado hoteleiro vive um cenário desafiador em virtude da crise e da superoferta de unidades em várias regiões, o setor vem mostrando resiliência lá fora.
Nos Estados Unidos, a taxa de ocupação média dos hotéis ficou em 67,3%, de acordo com a consultoria STR. Trata-se do maior nível desde que o levantamento começou a ser feito, em 1987. Além disso, os hóspedes estão dispostos a pagar preços maiores: o valor médio das diárias no país ficou em US$ 120,35, acima do recorde anterior, de 2008, que foi de US$ 119,70 – a comparação já leva em conta a inflação do período.
Por causa do bom momento vivido pelo mercado de hospedagens e de viagens, analistas afirmaram ontem ser possível que esses setores vivam em breve uma “onda” de fusões e aquisições. A compra da Starwood pela Marriott e Sheraton seria uma amostra desse apetite: o acordo é o segundo maior da história da indústria. Só perde para a venda do Hilton para o fundo de private equity Blackstone, em 2007, por US$ 26 bilhões.