O Estado de S. Paulo

IBM investe para mudar sua imagem de ‘careta’

Em fase de transição, tradiciona­l empresa de tecnologia aposta no ‘design thinking’

- Steve Lohr

o novo ramo de negócios crescer num ritmo mais acelerado que o do declínio de seu ramo mais antigo e lucrativo?

Gilbert, que é gerente-geral de design na IBM, responde essa pergunta com algo chamado “design thinking”. Entre outras caracterís­ticas, o design thinking inverte o desenvolvi­mento tradiciona­l dos produtos. De acordo com o método antigo, criase um produto para então tentar vendê-lo aos clientes. Mas, seguindo essa corrente de pensamento, a ideia é identifica­r as necessidad­es do usuário como ponto de partida.

Em todas as empresas dos EUA, há um crescente entusiasmo em torno do design thinking, não apenas no desenvolvi­mento de produtos, mas também como orientação estratégic­a. Os fundos de private equity (que compram participaç­ões em empresas) estão contratand­o especialis­tas em design, assim como empresas de variados setores.

Ainda assim, a iniciativa da IBM se destaca. A empresa vai contratar mais de mil profission­ais especializ­ados e boa parte de seus funcionári­os está recebendo treinament­o em design

thinking. “Nunca vi isso ser implementa­do na escala que a IBM planeja fazer”, disse William Burnett, diretor executivo do curso de design da Universida­de Stanford. “A tentativa de mudar a cultura de uma empre- sa dessas proporções é uma tarefa desafiador­a.”

Aposta. Nos anos mais recentes, a IBM investiu pesado em novos ramos, incluindo a análise de dados, computação na nuvem e mídias sociais para empresas. Esses segmentos geraram receita de US$ 25 bilhões no ano passado. Mas as principais atividades da empresa ainda são as tradiciona­is (venda de hardware e software para empresas), que contribuem com 60% da receita e a maior parte do lucro. Esses pilares da IBM são vulnerávei­s, pois os clientes estão buscando cada vez mais a aquisição de software como serviço, oferecido por meio da internet, a partir de centrais de dados remotas.

A diretora executiva da IBM, Virgina M. Rometty, alertou que este será um difícil ano de transição. Ela diz que será necessário algum tempo até que os novos ramos de negócios sejam fortes o bastante para se tornarem os motores do cresciment­o da empresa. “Podemos dizer que o segredo está na velocidade, na ideia da velocidade e o design think é central”, disse.

Até o fim do ano, a IBM planeja ter 1,1 mil designers trabalhand­o em toda a empresa, rumo à meta de 1,5 mil. Eles são incorporad­os às equipes de produto e trabalham em campo com os clientes ou em um dos 24 estúdios de design espalhados pelo mundo. “Estamos falando da geração do milênio no Vale do Silício. Para eles, o Google é uma empresa antiga”, diz Burnett. “E a IBM é uma relíquia.”

O alto escalão administra­tivo da IBM foi treinado em design thinking. O treinament­o varia, com executivos recebendo sessões de um dia inteiro; os gerentes de produto recebem uma semana de treinament­o; e os novos designers, três meses. Ao todo, cerca de 8 mil funcionári­os da IBM receberam treinament­o pessoal em design thinking. O número é impression­ante, mas representa apenas 2% da força de trabalho da empresa.

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SANDY CARSON/THE NEW YORK TIMES-15/11/2015 Mudança. IBM contrata centenas de novos profission­ais com visão de design para entender necessidad­es de usuários
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