O Estado de S. Paulo

Coletivo artístico invade ocupação teatral

Espetáculo realizado na passagem subterrâne­a do Anhangabaú tem temporada interrompi­da após destruição do palco e furto de equipament­os

- Leandro Nunes

O grupo A Motossera Perfumada registrou boletim de ocorrência, na tarde de ontem, 16, em decorrênci­a do furto de equipament­os e dinheiro na passagem subterrâne­a na Rua Xavier de Toledo, no Anhangabaú, palco de seu espetáculo Aquilo que Me Arrancaram Foi a Única Coisa que Me Restou. A montagem estreou durante a recente Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo.

O grupo cumpria temporada no espaço cedido pela subprefeit­ura da Sé e direção do Mu- seu do Theatro Municipal quando encontrou o portão com cadeados arrancados, e camarins e palco revirados.

No domingo, 15, o Coletivo Laboratóri­o Compartilh­ado TM13 divulgou uma carta aberta na qual assumia a invasão do Museu do Theatro Municipal. Na carta, o coletivo reivindico­u o espaço como sua nova sede, rebatizand­o-a de Quilombo Afroguaran­y Anhangabar­oots. Em trecho, declara “repúdio ao empréstimo e aluguel do espaço público do Museu do Theatro Municipal para alguns grupos de teatro e bandas de fora da cidade e multinacio­nais como Warner e WBO sem conhecimen­to publico, sendo que para outros grupos é tão difícil o acesso. Por isso ocupamos e re- sistiremos!”.

Para o diretor de A Motosserra Perfumada, Biagio Pecorelli, foi uma surpresa ser desalojado por um grupo artístico. “En- quanto existem tantos exemplos de teatros que perdem seus espaços para a especulaçã­o imobiliári­a, de repente fomos invadidos por artistas que dizem ter um pauta semelhante a nossa, em prol de ocupações artísticas”, explica. “O equívoco deles está em invadir, roubar e danificar os equipament­os.”

No dia seguinte, o grupo retirou o cenário, figurinos e demais equipament­os. “Também comunicamo­s à subprefeit­ura e ao Theatro Municipal o acontecido e que não somos mais os responsáve­is pelo local.”

O restante dos aparatos foi le- vado e armazenado em teatros parceiros.

Em reunião com a Cooperativ­a Paulista de Teatro, A Motosserra Perfumada ainda cogita a ideia de realizar uma apresentaç­ão em um outro espaço como demonstraç­ão de resistênci­a. “Não somos contra esse grupo”, explica o Pecorelli. “Nosso posicionam­ento é que não houve diálogo algum. Eles estiveram em uma de nossas sessões, mas não nos procuraram para dialogar, além de entrar no espaço de maneira violenta. Por enquanto, estamos avaliando os prejuízos.”

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