O Estado de S. Paulo

Gal Costa e Milton Nascimento vão se encontrar no palco

As duas maiores vozes em ação da música brasileira vão se juntar em apresentaç­ão gratuita, na praia de Copacabana

- Julio Maria

As duas vozes maiores da música brasileira­s em atividade vão se encontrar no palco, em um raro momento de suas carreiras. Gal Costa e Milton Nascimento farão juntos o encerramen­to do Festival Natura Musical, no próximo dia 29 de novembro, um domingo, na Praia de Copacabana, entre as 14h e 21h30.

Antes do último encontro da noite, outros artistas que tiveram álbuns e turnês patrocinad­os pelo projeto passarão pelo palco, como Emicida, Chico César, Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Felipe Cordeiro e Karla da Silva. Milton e Gal não se encontrava­m em um show desde 2005, quando se apresentar­am sob a regência de Wagner Tiso, que fazia 60 anos. Mas seus caminhos artísticos se cruzaram mais vezes. Quando esteve ao lado dos Doces Bárbaros (com Gil, Caetano e Maria Bethânia, em 1976), Gal cantou Fé Cega, Faca Amolada (de Milton e Ronaldo Bastos). E do mesmo LP de Milton, Minas, de 1975, de onde saiu Fé Cega, Gal retirou também Paula e Bebeto para gravar em seu Água Viva (de 1978, que tem também Cadê, de Milton e Ruy Guerra).

O encontro terá a produção de Marcus Preto, que pilotou também o recente disco de Gal, Estratosfé­rica. “São as duas maiores vozes do País e que nunca fizeram um show juntos”, ele diz. Gal é uma das maiores referência­s a vozes femininas, ao lado de Elis Regina e Clara Nunes. Milton só não é mais reproduzid­o por falta de vozes masculinas no mercado. “E mesmo assim seria impossível copiá-lo”, diz Preto. “Milton Nascimento é um bicho. Você nasce Milton, não o imita nunca”.

Gal e Milton cantarão juntos quatro músicas. Dez Anjos é uma parceria de Milton com Criolo, musicada na primeira inspiração por Milton para Gal gravar em Estratosfé­rica. Entram depois Fé Cega, Faca Amolada; Paula e Bebeto; e Solar.

Milton e Gal já alimentara­m o imaginário de uma notícia de alcova nos anos 70, garimpada pelo jornalista Renato Vieira. Na coluna de Arthur Laranjeira, da Folha de S.Paulo, a notícia publicada em 1970 sugeria algo além de uma amizade. “No Rio de Janeiro, Gal Costa fala de Milton Nascimento antes de começar seu show na Sucata, e Milton faz o mesmo, durante o seu show no Teatro da Praia. Cada um dedica música ao outro. E já estão falando até em casamento entre o ‘mineiro’ Bituca e a baiana Maria da Graça. Acontece que Milton casou há pouco.”

Gal sorriu quando soube da fofoca carinhosa, mesmo porque nunca teve um romance com Milton nos termos sugeridos pelo jornalista. Olhando pela poética, tudo se resolve. Quarenta e cinco anos depois, o casamento se sacramenta, como diz Gal: “Vai ser um encontro de amigos amorosos e de vozes amorosas”.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO – 7/12/2005 Raro momento. Última reunião foi há dez anos, no show dos 60 anos de Wagner Tiso

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