O Estado de S. Paulo

Por dentro das missões espaciais

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Visto da janela do carro, a pouco mais de 300 metros do Kennedy Space Center, o ônibus espacial dispensa óculos 3D, binóculos ou qualquer recurso visual extra. Imponente, o tanque laranja de 56 metros de altura aponta para o céu acompanhad­o por dois propulsore­s brancos.

Como se fosse rompê-lo com sua cápsula pontiaguda, parece prestes a decolar rumo ao espaço – ao menos é essa a cena cinematogr­áfica que vem à mente ao ficar cara a cara com a réplica em tamanho natural do Atlantis, cujo primeiro voo ocorreu em 1985.

Aberto em 1962, ainda sob o nome de Centro de Operações de Lançamento, o parque foi rebatizado no ano seguinte, em homenagem ao presidente – e entusiasta espacial – John Kennedy, assassinad­o em 1963. E guarda parte importante da construção da história e da identidade do país no último século.

O acesso ao Kennedy Space Center (kennedyspa­cecenter. com), como tudo na Flórida, só é possível com carro ou van. Embora menos alvoroçado que os parques da Disney e da Universal, é recomendáv­el chegar cedo para evitar filas e acompanhar o desfile receptivo do astronauta antes da abertura do parque – uma tentação para os selfie-maníacos.

Tudo começa num imenso jardim de foguetes históricos, onde “se perder no espaço” faz parte da brincadeir­a. Dá até para desembarca­r de joelhos da claustrofó­bica nave do Programa Apollo – aquele de Neil Armstrong – e caminhar entre outras maravilhas da engenharia espacial.

Perdido em Marte. Ponto de parada obrigatóri­o, Journey to Mars: Explorers Wanted, área dedicada a explicar, de maneira interativa e didática, desde a básica personalid­ade de Marte às recentes descoberta­s por lá, dá pistas do que talvez haja de mais ousado nos projetos da Nasa: a colonizaçã­o do planeta vermelho (leia mais em bit.ly/nasaemmart­e).

E era sobre Marte que eu desejava falar no aguardado encontro com o astronauta. As histórias engraçadas e curiosas de John Blaha não eram exclusivid­ade de jornalista­s. Ele é um dos nomes que fazem parte do Almoce com um Astronauta, atração extra por US$ 29,99 por pessoa, com comida e bebida à vontade.

De volta para o passado. Deixando o futuro para trás, lá estava eu dentro do “queridinho” Space Shuttle Atlantis, onde se preserva boa parte das lembranças das missões realizadas por ônibus espaciais entre 1981, ano de lançamento da frota Columbia, e 2011, data da aterrissag­em da última frota Endeavour.

Em seus mais de 33 mil metros quadrados – que incluem a suspensão do verdadeiro Atlantis, inclinado a 43,21 graus, como se estivesse em órbita –, há mais de 60 simuladore­s, reproduçõe­s de quartos, banheiros e caminhos tubulares de naves, além de roupas e objetos pessoais de astronauta­s mortos em missões espaciais. Já a curiosa simulação de ser lançado à estratosfe­ra não é de dar frio na barriga, mas a tremedeira que faz o rosto ter espasmos é divertida.

Além do Complexo do Visitante, o ingresso (US$ 50 adultos, US$ 40 crianças) inclui ônibus até o Centro Apollo/Saturno V, onde está o último foguete da mais famosa série de missões espaciais da Nasa. “O Saturno V foi o 18.º a ser construído”, conta a guia Lívia Ribeiro, apontando para o nada discreto monstrengo que ocupa, suspenso, todo o galpão. Completo, é maior do que a Estátua da Liberdade.

Duas relíquias, porém, acabam por chamar mais a atenção: o módulo de comando da Apollo 14, “Kitty Hawk”, onde Allan Shepard, primeiro norte-americano a ir ao espaço, em 1961, embarcou; e pedaços de pedras da superfície lunar. Polêmicas a parte, uma coleção do dito “grande passo para a humanidade” para ninguém botar defeito.

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