Khamenei elogia fim de sanções, mas faz advertências
Líder político e religioso máximo do Irã pediu que autoridades mantenham desconfiança com relação ao Ocidente
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, elogiou o fim de uma parte das sanções internacionais contra seu país, mas advertiu para a “enganação” dos EUA, informou ontem a agência oficial de notícias Irna. Ele afirmou considerar “um sucesso” a decisão, mas pediu às autoridades de seu país que mantenham a “desconfiança” com relação ao Ocidente e exijam “o cumprimento de suas obrigações no acordo nuclear”.
A figura política e religiosa máxima do país apoiou a resolução da crise causada pelo polêmico programa nuclear iraniano e os esforços do presidente Hassan Rohani para obter uma solução negociada. “Expresso minha satisfação porque a resistência da grande nação iraniana contra as opressivas sanções, os esforços dos cientistas nucleares em avançar nesta importante indústria, assim como os incansáveis esforços de nossos negociadores forçaram o lado oposto, conhecido por sua inimizade com o Irã, a retirar e eliminar parte das sanções que nos pressionavam”, afirmou Khamenei.
Apesar reconhecer e felicitar o trabalho dos negociadores nucleares e do governo para resolver a questão, Khamenei lembrou que essa conquista “frente a arrogância e o assédio chegou como resultado da resistência e da fortaleza diante da adversidade” demonstrada pelos iranianos. Desse modo, pediu que a atitude do povo seja vista “como uma lição para outros eventos na República Islâmica”.
Khamenei, porém, descartou qualquer possibilidade de aproximação entre seu país e o Oci- dente e exigiu manter a guarda alta, particularmente com os EUA, cujos líderes fizeram declarações logo depois da entrada em vigor do acordo nuclear que “abrem motivos para suspeitas”. “Sublinho outra vez que neste assunto, como em muitos outros, o engano e a ruptura dos compromissos pelos poderes arrogantes, especialmente dos EUA, não devem ser negligenciados.”
Essas foram as primeiras declarações de Khamenei sobre as sanções desde o anúncio, no sábado, da efetiva entrada em vigor do acordo nuclear assinado em julho entre o Irã e o P5+1 (EUA, França, Rússia, Grã-Bretanha, China e Alemanha).
O fim das sanções foi saudado pelo presidente Rohani como o início de uma nova era para o relacionamento do Irã com o restante do mundo e como trampolim para um futuro econômico brilhante para o país. No entanto, o país criticou o fado de o governo Obama impor sanções a empresas e membros do regime envolvidos no programa iraniano de mísseis balísticos.