BC mantém juro e reforça incertezas sobre a inflação
Decisão do Copom alimenta avaliação de falta de autonomia frente às pressões do governo e do PT
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa de juros em 14,25% ao ano. O argumento foi o de não aumentar a recessão, apesar do risco de a inflação fechar 2016 acima do teto da meta após bater 10,67% em 2015. A decisão – não unânime – de manter a Selic pela quarta vez consecutiva marca reviravolta na estratégia do BC, que até segunda-feira sinalizava aumento da taxa. O cenário mudou na terça, quando comunicado do presidente do banco, Alexandre Tombini, alertou para piora de previsões do FMI. O informe foi interpretado no mercado como sinal de rendição à pressão da presidente Dilma Rousseff. A
Análises Atuação errática do BC coloca em dúvida sua capacidade de conter a inflação. Isso pode aumentar a incerteza em relação à política econômica.
percepção aumentou ontem com declarações do ex-presidente Lula minimizando o risco de inflação e defendendo manutenção dos juros. A alta da Selic é combatida por PT e economistas mais A surpresa desta quarta reforçou suspeitas de que o BC cedeu a pressões do governo, jogando no chão a credibilidade da atual diretoria.
conservadores. A mudança do Copom, porém, alimentou avaliação de falta de autonomia do BC. O Planalto recebeu a decisão como ajuda para retomar o crescimento.
A queda do preço do petróleo voltou a derrubar os mercados financeiros internacionais. O brasileiro ainda foi influenciado pela indefinição sobre a taxa de juro. O Ibovespa terminou o dia em baixa de 1,08%. Ações preferenciais da Petrobrás recuaram 4,94% e caíram para R$ 4,43. Já o dólar subiu 1%, para R$ 4,099.
Barbosa defende mais crédito O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reafirmou ontem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o plano de adotar medidas para incentivar novos financiamentos. Segundo ele, a economia brasileira pode voltar a crescer no segundo semestre deste ano.