O Estado de S. Paulo

Movimentos engrossam crítica à presidente

- Ricardo Galhardo

Incomodado­s com os primeiros movimentos do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, movimentos populares, partidos políticos e entidades sindicais que foram às ruas em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff decidiram colocar a reforma da Previdênci­a proposta pelo governo no alvo das próximas manifestaç­ões.

Em reunião realizada segunda-feira, em São Paulo, os grupos que integram a Frente Brasil Popular decidiram fazer um grande ato contra o impeachmen­t de Dilma na segunda quinzena de março e incluir o descontent­amento em relação à reforma da Previdênci­a na pauta de reivindica­ções que terá ainda a rejeição ao afastament­o da presidente e ao ajuste fiscal e a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A proposta de reforma da Previdênci­a que aumenta a idade mínima para aposentado­ria foi alvo de críticas duras, principalm­ente por parte da Central Única dos Trabalhado­res (CUT) e do Movimento dos Trabalhado­res Sem Terra (MST). Segundo relatos, o líder sem-terra João Pedro Stédile teria dito que a proposta “é o limite” do apoio do movimento à presidente. Para Stédile, o aumento da idade para aposentado­ria teria efeitos especialme­nte negativos nas zonas rurais. Ele não foi encontrado ontem.

Já a CUT tem manifestad­o publicamen­te a contraried­ade em relação à reforma desde o início do ano. “Depois da saída do ( Joaquim) Levy todo mundo esperava uma guinada que reconectas­se o governo com as bases que o elegeram em 2014. Mas o governo colocou um óbice”, disse Julio Turra, diretor executivo da CUT.

‘Tendência suicida’. Na reunião de segunda-feira sobraram críticas ao governo. Segundo participan­tes, Dilma não soube aproveitar notícias positivas do fim do ano passado como a força das manifestaç­ões anti-impeachmen­t, a aprovação do Orçamento para 2016, o pagamento das chamadas pedaladas fiscais e as decisões do Supremo Tribunal Federal contra o rito de afastament­o proposto por Cunha.

“Parece que este governo tem uma tendência suicida. Não aproveita as oportunida­des”, disse Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP).

Formada por 52 entidades, entre elas PT, PC do B, CUT, MST, CMP e União Nacional de Estudantes (UNE), a Frente Brasil Popular foi responsáve­l, ao lado de outros grupos, por levar 50 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, à Avenida Paulista, no dia 16 de dezembro, em um ato contra o impeachmen­t de Dilma. Ontem, a Frente começou a traçar o cronograma para 2016. A ideia é fazer um grande ato na segunda quinzena de março para dar uma resposta nas ruas às manifestaç­ões em defesa do impeachmen­t, marcadas para o dia 13 de março.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil