O Estado de S. Paulo

‘Não existe viva alma mais honesta do que eu’, afirma petista

Lula insinua a existência de pressão para que o nome dele seja citado em delações e dá apoio a manifesto de advogados

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva insinuou ontem, em São Paulo, existir pressão das autoridade­s para que o nome dele seja citado em delações premiadas. Ele também disse duvidar que alguém tenha a “alma” mais honesta do que ele.

“Já ouvi que delação premiada tem que ter o nome do Lula, senão não adianta”, disse, em conversa com blogueiros convidados pelo Instituto Lula.

“Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”, afirmou.

Lula não é alvo de investigaç­ão formal da Lava Jato, mas já foi citado em delações, como a do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Por causa da operação cumprem prisão preventiva antigos aliados do ex-presidente, como José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Lula já depôs na Polícia Federal na condição de “informante”.

“Não existe nenhuma ação penal contra mim, o próprio ( Sérgio) Moro ( que conduz as ações da Lava Jato na 1.ª instância) dis- se que eu não sou investigad­o”, afirmou. “Em respeito ao depoimento que eu fiz na Polícia Federal e no Ministério Público, não acho que existe nenhuma possibilid­ade de ação penal, a não ser que seja uma violência contra tudo o que existe neste país.” Lula afirmou ainda que está “muito tranquilo”.

Ele também classifico­u como “pertinente, atualizado” o manifesto de mais de 100 advogados divulgado na sexta-feira passada nos principais jornais do País. A carta aberta em repúdio e com duras críticas à Lava Jato foi assinada por advogados de renome, entre eles defensores de suspeitos e acusados de participar­em do esquema de corrupção na Petrobrás. O manifesto afirma que a Lava Jato “se transformo­u numa Justiça à parte” e que “o Estado de Direito está sob ameaça”.

Na conversa com blogueiros, Lula citou o documento. “Manifesto pertinente, atualizado, acho que está na hora da sociedade brasileira acordar, exigir mais democracia, direitos humanos, mais respeito.”

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