Famílias contestam laudo da Aeronáutica
Relatório nega cansaço e desorientação espacial do piloto, fatores citados pela FAB como causas do acidente que matou Eduardo Campos
Representantes das famílias do piloto e do copiloto do avião cuja queda vitimou, além deles, o então candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, e outras quatro pessoas, apontaram uma falha no sensor de velocidade como possível causa para o acidente. O argumento servirá como base para uma ação nos Estados Unidos contra a Cessna, fabricante do avião usado pelo ex-governador de Pernambuco.
Esta e outras possíveis falhas técnicas, segundo o advogado das famílias do piloto e do copiloto, Josmeyr Oliveira, não foram investigadas de forma apro- fundada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que, em relatório, apontou falha humana como causa determinante do acidente. Apresentado anteontem, o documento descartou falhas técnicas e mencionou fadiga, despreparo e desorientação do piloto Marcos Martins e do copiloto Geraldo Magela, para realizar manobras.
O documento do Cenipa é considerado “reducionista, negligente e incompleto” pelo advogado. “Faltaram dados para eles criarem paradigmas para dizer o que aconteceu e o que não deveria acontecido.”
Relatório paralelo produzido com auxílio do perito Carlos Camacho rebate argumento do Ce- nipa de que os pilotos estariam cansados para o voo. Segundo Camacho, antes de viajar na manhã de 13 de agosto de 2014, dia do acidente, os pilotos tiveram 34 horas de repouso. “Eles fizeram 90 missões naquela aeronave antes daquele voo. Mesmo se eles tivessem tido treinamento falho, isso seria compensado pe- la experiência”, disse o perito.
Camacho também rechaçou o argumento de que houve desorientação espacial. “Só quem já teve uma desorientação sabe o que é. Não se vê nada. E as últimas imagens da queda mostram que os pilotos já estavam retomando o controle do avião.”
‘Omissões’. O relatório paralelo aponta “omissões” no documento do Cenipa – a ausência de “reconstituição” do acidente em um simulador de voo e a recusa do órgão em analisar acidentes e incidente ocorridos em aeronaves de modelo semelhante.
Segundo Camacho, há casos que apontam para a falha no sensor de velocidade como causa da perda de estabilidade do
Crítica avião. O equipamento é responsável por impedir que procedimentos como o uso de flaps (ferramenta instalada nas asas que permite estabilização da aeronave mesmo em velocidades mais baixas) e estabilizadores sejam usados em momentos de maior potência do motor.
O Cenipa não se manifestou até a conclusão desta edição.