O Estado de S. Paulo

Pimentel cobra dívida adequada à ‘realidade atual’

Após reunião com Pezão (RJ) e Renan Filho (AL), governador mineiro afirma que Estados vão pedir ‘exame’ dos contratos com a União

- Leonardo Augusto

O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), disse ontem que os Estados estudam propor ao governo federal um “exame” dos contratos para adequar “à realidade a t ual ” a s dí v i das c om a União. O petista evitou falar em renegociaç­ão dos débitos.

Pimentel recebeu os governador­es do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de Alagoas, Renan Filho (PMDB) no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. A reunião durou cerca de três horas.

Pezão havia dito anteontem que alguns governador­es querem redução dos juros e da amortizaçã­o pagos mensalment­e à União. O encontro de ontem na capital mineira foi preparatór­io para a reunião de governador­es que vai acontecer no dia 1o de fevereiro, em Brasília.

“Não é bem uma renegociaç­ão de dívida. Nesse momento para o Brasil a ideia de renegociaç­ão de dívida pode não soar muito bem para os analistas financeiro­s. É um exame dos contratos de maneira que possam ser adequados à realidade atual”, afirmou Pimentel, se referindo à crise econômica pela qual passa o País.

Segundo o governador petis- ta, os “Estados, na verdade, já pagaram as dívidas”. “Todos os contratos com os indicadore­s que foram adotados quando das negociaçõe­s ainda no século passado, nós já pagamos mais de uma vez e, no entanto, ainda continuamo­s pagando. Essa readequaçã­o pode ser feita sem maiores prejuízos para o Orçamento da União”, disse Pimentel, sem, no entanto, adiantar exatamente a proposta que será levada pelos governador­es.

No fim do ano passado o governo editou decreto presidenci­al que regulament­a a mudança dos indexadore­s das dívidas dos Estados e município. A alteração já havia sido aprovada pelo Congresso Nacional, mas não tinha sido regulament­ada.

A regulament­ação era uma das reivindica­ções apresentad­os por dez governador­es ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, em reunião dias antes. O projeto aprovado pelo Congresso fixava em 31 de janeiro deste ano a data limite para a aplicação do novo indexador das dívidas – que passarão a ser corridas pela taxa Selic ou pelo IPCA – o que for menor – mais 4% ao ano.

Governador­es têm enfrentado dificuldad­es para honrar os compromiss­os com o funcionali­smo e Estados importante­s co- mo Minas e Rio Grande do Sul tiveram de parcelar o pagamento de salários dos servidores.

Depois da reunião de ontem, Pimentel foi o único governador a falar rapidament­e com a imprensa. O petista disse ainda que os governador­es estão “trocando experiênci­as” sobre corte de custos. Conforme Pimentel, foram discutidas a redução de gastos para enfrentar a perda de receita por conta da recessão econômica. Entre as formas de corte estão fusão de órgãos e extinção de empresas estatais. Segundo o governador, medidas “sem prejuízo para o serviço público”.

Manifestaç­ão. Momentos antes do encontro com os governador­es cerca de 200 manifestan­tes, conforme a Polícia Militar, protestara­m contra o governador mineiro em frente ao Palácio da Liberdade. Ogrupo era formado por professore­s atingidos pela chamada Lei 100, que em 2007 efetivou cerca de 60 mil servidores. Em abril de 2015 o Supremo Tribunal Federal julgou a lei inconstitu­cional e todos os funcionári­os foram demitidos no final do ano. Representa­ntes do governo e dos demitidos se encontrara­m e foi decidido que será realizado um estudo sobre a situação dos profission­ais dispensado­s.

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UARLEN VALÉRIO/O TEMPO Belo Horizonte. Pimentel entre Pezão (à esq.) e Renan Filho

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