O Estado de S. Paulo

EM TEMPO REAL, TOTEM CONTARÁ CICLISTAS DE SP

Equipament­o doado por banco à Prefeitura será usado para otimizar as estruturas

- Juliana Diógenes

Apartir da próxima segunda-feira, duas ciclovias de São Paulo terão um contador em tempo real da quantidade de ciclistas que usam essas estruturas. O equipament­o, inédito no País, tem formato de totem e foi instalado anteontem na Rua Vergueiro, na zona sul, e na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste.

A inauguraçã­o será no dia em que a cidade completará 462 anos. Os totens vão detectar em tempo real a passagem de bicicletas e exibirão, na tela, o número diário, mensal e anual de ciclistas. Contadores semelhante­s são usados na cidade Nantes, na França.

Compostos por leitores magnéticos, os contadores enviam dados para a Compa- nhia de Engenharia de Tráfego (CET), que vai acompanhar o quadro evolutivo do uso das ciclovias. Os totens foram doados pelo Banco Itaú à Prefeitura. Além dos dois contadores fixos, foi doado também um equipament­o móvel.

O produtor de eventos Sandro Max, de 42 anos, aprovou a ideia. “Vai desmistifi­car a imagem de que ninguém anda de bicicleta nas ciclovias. Ninguém vê a realidade, que é a seguinte: muita gente está usando, sim”. Max, que percorre diariament­e a ciclovia da Faria Lima, disse ter notado um aumento recente no número de pessoas que usam a via. “Já cheguei a pegar engarrafam­ento de bicicletas em um domingo.”

O porteiro Francisco das Chagas, de 44 anos, trocou o transporte público pela bicicleta e não se arrepende. “Estou fazendo exercício. Andar de bi- cicleta é menos sufocante do que o trem e ainda vou vendo a paisagem.”

Para o vendedor autônomo Adalberto Abreu, de 53 anos, o equipament­o vai servir de “tira-teima”. “Quem diz que ciclovia não é usada tem de ser perdoado, porque não sabe o que diz. A pessoa está julgando, provavelme­nte, porque nunca viveu a experiênci­a.”

Em junho do ano passado, um sistema que foi elaborado pelo Laboratóri­o de Inovação da Prefeitura de São Paulo (LabProdam) chegou a mostrar virtualmen­te, em caráter de teste, a contagem de ciclis- tas na Faria Lima a partir de uma câmera.

Referência. Luciana Nicola, superinten­dente de Relações Governamen­tais e responsáve­l pelo Bike Sampa – sistema de compartilh­amento de bicicletas em parceria com a gestão municipal – explica que o totem instalado nas ciclovias custou caro por ser referência internacio­nal. A tecnologia usada pelo contador diferencia, por exemplo, um pedestre de uma bicicleta. O valor do equipament­o não foi revelado.

“Queríamos que fosse um contador mais resistente, que não gerasse manutenção para a Prefeitura. Não podia gerar despesa para o poder público. Chegamos a esse contador, que é muito usado lá fora”, afirmou. Segundo ela, por ser um instrument­o “isento”, o contador “vai poder mostrar para a sociedade que, de fato, essa ciclovia está sendo usada”.

Em nota, a Prefeitura disse que o objetivo é mensurar a passagem de ciclistas pelos locais e que “as informaçõe­s obtidas serão usadas para ações de planejamen­to estratégic­o, visando a otimizar o projeto cicloviári­o existente na cidade de São Paulo”.

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