Com forte El Niño, 2015 é o ano mais quente da história
Temperatura foi 0,9°C maior do que a média do século 20, seguindo tendência provocada pelo aquecimento global
A sequência de meses quentes no ano passado já tinha deixado claro que 2015 bateria todos os recordes de temperatura. Agora é oficial. As agências americanas Nasa e Noaa (de oceanos e atmosfera) confirmaram que a temperatura média global foi 0,9°C mais alta do que a média do século 20. É o ano mais quente desde que o registro começou a ser feito, em 1880.
O recorde foi quebrado pelo segundo ano consecutivo – 2014 já havia sido o ano mais quente até então, com temperatura 0,74°C acima da média, de acordo com análise da Noaa.
Considerando os dados coletados pela Nasa, a temperatura média no ano passado foi 0,87°C mais alta do que a média apresentada entre 1951 e 1980. Apesar da diferença de metodologia, ambas as medições colocam o ano anterior quebrando todos os recordes.
O principal fator para a temperatura tão mais alta, segundo as agências, foi a presença forte do El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico.
Segundo Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, e Thomas R. Karl, diretor do Centro National de Informação Ambiental da Noaa, mesmo se não houvesse o El Niño, ainda assim 2015 seria o mais quente porque segue um padrão de aquecimento que vem ocorrendo nas últimas décadas. Este padrão, lembram eles, é consequência inequívoca das altas emissões de gases de efeito estufa que provocam as mudanças climáticas.
Desde 1976, a temperatura média do planeta não fica abaixo da média histórica do século 20 (de 13,9°C). Dos 11 anos mais quentes da história, com exceção de 1998, todos estão nos anos 2000. O valor apresentado em 2015 também surpreende por ter batido o recorde com bastante folga em relação aos anos anteriores. De 2014 para 2010, por exemplo, segundo e terceiro lugar respectivamente, o aumento, pelos dados da Noaa, foi de somente 0,04°C. De 2014 para 2015, foi de 0,16°C.
E a expectativa é de que esse padrão continue se repetindo, com recordes sendo quebrados ano a ano. “Se for para apostar, 2016 vai ser ainda mais quente do que 2015”, disse Karl.
Acordo de Paris. Em dezembro passado, 195 nações assinaram o Acordo de Paris, que estabeleceu que o mundo deve conter o aquecimento do planeta a menos de 2°C até o fim deste século, com esforços para que não passe de 1,5°C.
Considerando que em 2015 o mundo já ficou perto de 1°C, Karl e Schmidt estimam que não se está muito longe de chegar ao 1,5°C, se for mantido o padrão das últimas décadas.
Eles apontam que, na comparação com as temperaturas registradas nos últimos 20 anos do século 19, o aquecimento atual já superou 1°C. E alertam: não tem jeito de conter isso sem reduzir drasticamente a queima de combustíveis fósseis.
Para 2016, dizem, a expectativa é de que, junto com a temperatura média mais alta, o plane- ta também sofra com mais ondas de calor, como as que atingiram Índia e Europa no ano passado, e um aumento da ocorrência de chuvas fortes.