O Estado de S. Paulo

Por sonho, Pérolas Negras precisam de R$ 500 mil

Depois de disputar a Copa São Paulo, equipe do Haiti negocia valor da taxa de inscrição na Terceira Divisão do Rio

- Gonçalo Junior

Os jogadores da Academia Pérolas Negras, equipe haitiana que esbanjou carisma na Copa São Paulo de Juniores, mas caiu na primeira fase, treinam no Rio para a disputa da terceira divisão do futebol carioca. Existe, no entanto, uma barreira para o sonho. A taxa de inscrição é de R$ 500 mil. A ONG Viva Rio, entidade que mantém a equipe com o apoio da iniciativa privada, negocia o parcelamen­to desse valor, mas está difícil. A tendência é que os haitianos desfilem pelos gramados do Rio só no ano que vem.

Eles não ficariam parados até lá. O plano B é a disputa da Taça BH, que começa no meio do ano. Além disso, eles podem jogar o Campeonato Carioca Sub-20. Por fim, esperariam a próxima edição da própria Copa São Paulo. “Vamos aproveitar este ano para amadurecim­ento técnico e tático”, conforma-se Rafael Novaes, coordenado­r técnico do time.

Outra saída é encontrar uma equipe carioca que já tenha feito sua inscrição e aceite formar um time misto, metade brasilei- ra, metade haitiana. Isso também atenderia a exigência da legislação brasileira que proíbe a formação de times profission­ais só com estrangeir­os.

Dirigentes da Federação Carioca reconhecem que o valor para a inscrição é alto, mas explicam que a intenção é garantir que apenas clubes estruturad­os, com capital para disputar o torneio até o fim, entrem no torneio. “Esse custo engloba apenas a federação do clube. Teríamos custos também para inscrever os jogadores. É um investimen­to muito alto”, conta Rubem Fernandes, diretor executivo do Viva Rio. “Mas regra é regra. Temos de acatá-la. Estamos tentando parcelar esse valor para poder jogar”.

O relativo sucesso que tiveram na Copinha e o bom desempenho nos amistosos despertara­m o interesse de clubes do Rio e de São Paulo. Quatro jogadores já foram sondados e negociam um período de experiênci­a.

Fora de campo, eles também estão integrados. Tião Santos, membro da comissão técnica que acompanha os 23 haitianos em todas as atividades, conta que alguns deles já arrumaram até namorada. Em um português meio manquitola, o volante Anel Jean Louis conta que o grupo voltará ao Haiti para providenci­ar o passaporte de formação – hoje, eles têm o visto de turista –, mas seus planos estão aqui. Só precisa calibrar os ídolos. “Quero ser profission­al e atuar como Luiz Gustavo e Ramires”.

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ALEX SILVA/ESTADAO-3/1/2016 Copa de Juniores. Haitianos perderam para o Juventus

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