O Estado de S. Paulo

Erro foi na comunicaçã­o, diz economista

- Ricardo Leopoldo

O Banco Central acertou ao manter os juros em 14,25% ao ano, mas errou na forma de comunicaçã­o ao mercado porque nos últimos 45 dias fez sinalizaçõ­es muito fortes que levaram os investidor­es a acreditar que subiria a Selic, comentou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Monica Baumgarten de Bolle, pesquisado­ra do Instituto Peterson de Economia Internacio­nal.

“Defendo há muito tempo que o Copom não deveria subir juros, especialme­nte porque a inflação alta no Brasil está relacionad­a a problemas de ordem fiscal, a indexação cresceu nos últimos 18 meses e há uma profunda recessão”, disse. “É bobagem imaginar que a posição do BC foi decidida por causa de ingerência política. Mas a forma de manifestar suas avaliações sobre a trajetória dos juros foi errada, pois deveria ter indicado há várias semanas que não elevaria a Selic”, comentou.

Na avaliação de Monica de Bolle, a recessão profunda e o cenário externo muito conturbado, que ficarão inalterado­s por um bom tempo, não devem dar condições para que o BC suba os juros neste ano.

Para o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, o mais provável agora é que o Banco Central deixe a Selic estável também na próxima reunião do Copom, nos dias 1.º e 2 de março, pois o cenário externo não deverá mudar até lá. “As dúvidas com o cresciment­o global, com impactos nos preços de commoditie­s, foram determinan­tes para o Banco Central manter os juros em 14,25%”, avaliou. “Como as circunstân­cias apresentam muitas incertezas, o Banco Central deve ter uma postura mais neutra possível.”

Na avaliação de Kawall, a participaç­ão do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na última reunião do BIS deve ter colaborado para que ele adotasse a decisão de não alterar a taxa Selic.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil