Os desafios do ministro no Fórum Mundial
No seu programa inaugural no Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, topou com duas das dificuldades que provavelmente o acompanharão durante o seu longo e intenso périplo em Davos. A primeira é que o seu discurso de ortodoxia e ajuste fiscal é bem recebido por quem não o conhece, mas convence menos executivos e economistas brasileiros ou que tenham um conhecimento da cena econômica e política do Brasil.
A segunda dificuldade é que o Brasil aparece desta vez no Fórum como um coadjuvante mais medíocre da Argentina que, como na parábola do filho pródigo, está entusiasmando o establishment internacional por voltar à trilha da ortodoxia.
Bem a propósito, o primeiro compromisso de Barbosa em Davos foi um almoço promovido pelo Banco Itaú, Hotel Steingenberger Belvédère, durante o qual os palestrantes foram ele e o presidente do Banco Central argentino, Federico Sturzenneger. Cerca de 50 altos executivos, economistas e financistas compareceram, incluindo Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia. Já na entrada, um financista brasileiro tecia comentários entusiasmados sobre Sturzenneger, mas preferia responder com um “sem comentários” ao que esperava de Barbosa. Ele deixou claro que não tinha confiança no trabalho do novo ministro.