O Estado de S. Paulo

Petróleo cai 6,7% e derruba as bolsas

No Brasil, o Ibovespa teve queda de 1,08% e fechou aos 37.645 pontos; o dólar registrou alta de 1% e fechou o dia cotado a R$ 4,099

- Claudia Violante Francine De Lorenzo Fabrício de Castro

O preço do petróleo em queda derrubou, mais uma vez, os mercados financeiro­s internacio­nais ontem. Praticamen­te todas as principais bolsas globais fecharam em queda, com influência da cotação do petróleo em Nova York, que recuou 6,71% e fechou o dia cotado a US$ 26,55 o barril para entrega em fevereiro, e em Londres, que apresentou queda de 3,06%, cotado a US$ 27,88 o barril.

O mercado brasileiro não ficou imune a essa turbulênci­a global, que também recebeu influência das desconfian­ças sobre a economia chinesa e, no caso brasileiro, de uma indefiniçã­o sobre o rumo das taxas de juros antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, terminou o dia em baixa de 1,08%, aos 37.645,48 pontos, o menor nível desde 9 de março de 2009.

As ações da Petrobrás foram, mais uma vez, destaque negativo. A ação ordinária (ON, com direito a voto) da estatal caiu 3,58% e terminou a R$ 5,93 (no mês, já acumula baixa de 30,81%). O papel preferenci­al (PN, sem direito a voto) recuou 4,94%, e fechou cotado a R$ 4,43 (no mês, a queda é de 33,88%).

O mercado de câmbio também teve mais um dia turbulento, com todo esse cenário. O dólar à vista fechou em alta de 1%, cotado a R$ 4,0998, no maior nível de fechamento desde 23 de setembro de 2015, quando marcou R$ 4,1350 – o maior valor desde o início do Plano Real. “O exterior é o principal fator para a alta do dólar. Claro que o que o Tombini falou ontem (na terça-feira) também contribui, mas o petróleo está derretendo e acentuando, em todo o mundo, a busca por ativos mais seguros”, resumiu Cleber Alessie Machado, operador da H. Commcor DTVM.

Com o petróleo em franca retração, as bolsas ao redor do mundo contabiliz­aram perdas acentuadas. Na Europa, os mercados de Londres e Paris caíram mais de 3%, enquanto Frankfurt teve baixa de 2,82%. Na China, o Xangai Composto, principal índice acionário do país, cedeu 1%, enquanto em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 1,56%.

O recuo no preço do petróleo decorre das perspectiv­as de desacelera­ção da economia global, sobretudo na China, que consome 12% do petróleo do planeta, somadas ao excesso de oferta e, no caso específico da Bolsa Mercantil de Nova York, ao vencimento do contrato para fevereiro.

Com esse cenário, dia a dia surgem novos relatórios reven- do as previsões para preços da commodity, que já chegaram a apontar o barril a US$ 10. Assim, não foi muita surpresa ontem quando a Fitch e o Citi fizeram o mesmo e rebaixaram suas projeções para o preço do barril. Para a agência de classifica­ção de risco, no médio prazo, o preço médio deve cair a US$ 45 este ano e chegar a US$ 65 no longo prazo. Já o banco colocou os preços em US$ 34 neste ano e em US$ 31 em 2017.

Fragilidad­e. O mau humor dos investidor­es também contemplav­a os sinal de fragilidad­e das principais economias do planeta, um dia depois de o Fun- do Monetário Internacio­nal (FMI) cortar suas projeções de cresciment­o global.

Nos EUA, a inflação em dezembro decepciono­u os analistas, ao cair 0,1% frente a novembro, quando a previsão era de estabilida­de. O núcleo do indicador - que exclui da conta os preços de alimentos e energia - subiu 0,1% no período, menos que a alta de 0,2% prevista. Na comparação anual, porém, o núcleo de inflação acelerou levemente, de 2,0% para 2,1%, se mantendo em linha com a meta de inflação do Federal Reserve.

No setor de construção americano, as obras de moradias iniciadas caíram 2,5% entre no- vembro e dezembro e as permissões para novos empreendim­entos - termômetro de atividade futura - baixaram 3,9%.

Já na China, a confiança do consumidor bateu a mínima histórica neste mês, de acordo com levantamen­to feito pelo banco ANZ e pela empresa de pesquisa Roy Morgan.

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ANNA DRIVER/REUTERS Mercado. Cotação do petróleo em Nova York foi a US$ 26,55

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